quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O CAMPEONATO DE BOTÃO DOS PACIELLO!

Crescer com irmãos tem lá suas vantagens. Tudo bem, posso ter sido insensível agora, porém dentre as maravilhas nessa jornada: sempre tínhamos companhia nas brincadeiras.

Eu e meu gêmeo numa época éramos dependentes do Marcelo. Ainda me lembro que, antes de irmos para a escola, o mais velho liderava as brincadeiras, muitas vezes interrompidas por causa do colégio.

Eu e o Luciano passávamos as tardes esperando pela volta dele só pra saber se o Falcon conseguiria se livrar do King Kong.

Mas chega um dia em que a diferença de 4 anos já não é mais empecilho ás brincadeiras. E dentre tantos jogos de tabuleiros, amávamos isso, uma brincadeira era levada a sério, bem a sério: os campeonatos de jogos de botão.

Os 3 eram tarados, os 3. Acho que quem se entregava a essa modalidade sabem bem o que é tal seriedade. Treinávamos fundamentos, passes, chutes a gol, efeitos na palheta etc.

Começamos a jogar com aquelas pecinhas do War, até viciarmos na bolinha de feltro, que corria muito.

Os campeonatos então eram um acontecimento. Mas no número 59, a coisa era mais feia. O Marcelo sempre foi sedento pela vitória e perder para um dos irmãos 4 anos mais novo seria uma vergonha.

Numa tarde de sábado, eu e o meu gêmeo jogávamos. O empate dava o título a mim, com a derrota, o Marcelo, que cronometrava o jogo, seria o campeão. Estava 1 a 1 e faltavam menos de dois minutos para a partida terminar.

Havia na cozinha um relógio imenso. E, enquanto eu jogava, contava os minutos. As regras eram claras. Quando um falava “pro gol”, mesmo que o tempo tivesse terminado, o chute seria válido.

Chutei e foi pra fora. Luciano saiu. Dois minutos findados. Eu disse: “acabou”. Marcelo disse que não. Luciano passou para o zagueiro. Eu disse: “acabou”. Marcelo continuou a explicar que era ele quem cronometrava.

Eu sabia que havia acabado e sabia da intenção dele. Luciano passou para o atacante. Eu disse: “Marcelo, acabou!”. Luciano ajeitou e disse: “Pro gol”. Marcelo emendou: “Agora acabou, depois do chute”.

Luciano chutou e gol. CAZZO!!! Eu sabia que isso aconteceria. O mais velho saiu berrando pela cozinha. Fiquei irado, chorando de raiva.

Ele estava sem camisa, sentou para arrumar as coisas. As traves eram de plástico e bem resistentes. Uma delas estava carcomida na ponta. Não tive dúvidas, tomei-a com fúria e marquei numa risca só as costas do meu irmão, que urrou com o vergão imenso que saltou com minha investida.

Pra variar, tomei uma surra da minha mãe, o Marcelo foi campeão injustamente e ainda estou esperando por uma revanche. Mas ele vive recusando, não sei se pelo oponente no botão ou se pelo medo com o que posso usar na sua pele.

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