domingo, 3 de fevereiro de 2013

A MATEMÁTICA DA MUÇARELA DE BÚFALA

Sanduíche WALL STREET
Raro conhecer alguém que tenha ganhado um concurso, alguém próximo. Pois essa é uma história que não se ouve todos os dias. Aliás é uma história para se ouvir apenas uma vez na vida. E essa vez aconteceu na última quarta-feira, durante o intervalo das aulas.

Esse químico e professor de matemática e dos números é um cara surpreendente. Do nada, você escuta algo pitoresco dele. Tranquilo e calmo, talvez isso lhe seja o melhor marketing pessoal. Perdi as contas dos filmes, lugares, restaurantes que ele já me indicou nesses quase 10 anos de amizade.

Pois é, estávamos conversando durante o lanche noturno e me revela essa história que só poderia dar boas linhas de entretenimento e aprendizado. Enfim, ele estava em uma lanchonete e, ao término do jantar, deparou-se com um concurso.

Dez pessoas seriam selecionadas com dez criações. Os dez melhores sanduíches estariam numa final cujo ganhador teria passagens e hospedagens a ele e a um acompanhante para Nova Iorque, mais 300 dólares para gastar nas refeições da filial americana dessa rede.

Abro um à parte aqui, o cara é um ótimo gourmet e apreciador da alta e, principalmente, da baixa gastronomia. De um requintado risoto a uma bela e deliciosa coxinha, o gosto dele é confiável.

E lá mesmo, criou um lanche fenomenal à base de muçarela de búfala, cebolas, molho pesto – não teria a habilidade para reconstituir a delícia que me deu água na boca naquela noite.

Houve até uma explicação do porquê dos ingredientes, um link entre Brasil, Itália, Wall Street, coisa que somente um professor talentoso, culto e criativo como ele poderia fazer.

Fato é que, vinte dias depois, ele foi um dos dez finalistas. Esteve presente na requintada lanchonete na Vila Olímpia. Havia dez jurados, e os candidatos teriam de explicar os pratos, prepará-los e colocá-los à prova.

E depois de todo esse processo, viria o desfecho colossal. Um a um, os candidatos foram caindo, caindo, caindo. Do décimo lugar até o terceiro. E dividiu os holofotes com uma mineira, que inventou um hambúrguer com queijo da fazenda e peperone.

Tensão! A diferença entre o ganhador e o segundo colocado foram de exatos 4 centésimos: 8.21 e 8.25. Ou seja, praticamente um empate. E ficaram os dois, lado a lado. Pela pontuação, o limite entre o céu e o inferno nunca foi tão tênue.

Nova Iorque ficou bem mais perto de Minas Gerais. Sim. A menina ganhou. E o insuportável do irmão dela invadiu a cena berrando, bem na orelha do professor, a vitória deles.

Certo, amigo leitor. Você agora me cobra que, no início do texto, disse – ou dei a entender – que eu conhecia um vencedor de concurso. E conheço, porque o murro que o mineiro tomou do educador foi lindo, feito de um campeão.

Transformar os 4 centésimos que o tiraram da viagem em 4 pontos na sobrancelha do moleque é digno de um matemático brilhante.

 

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