terça-feira, 28 de abril de 2015

EM BRIGA DE MARIDO E MULHER...

Num café:

- Você não pode deixar que seu marido faça isso sempre! Você tem que se valorizar, mostrar a ele que suas vontades devem aparecer também!

- Eu sei...

- Sabe? Mesmo?! E quando ele te proibiu de sair com as amigas? E quando ele mandou você cancelar sua conta no Facebook para evitar de reencontrar com amigos da escola? Isso não é marido, é dono!

- Eu sei, mas é que...

- Mas nada, amiga! Reclama de tudo! Nada do que você faz está bom! Ele só te critica! Até pra sua mãe! E sua mãe também não fala nada!

- Mas ele é um bom pai e...

- Ele tem de ser bom pai e bom marido, bom companheiro! Você é linda, tem um salário bom! Peça o divórcio! Ele sai e ainda vai ter de pagar pensão ao Júnior! Ele não pode crescer num ambiente assim!

- Mas nós não brigamos. E não quero terminar minha vida sozinha...

- Não brigam porque você engole tudo! E antes ficar só do que com esse traste! Se você está desabafando comigo é porque a coisa não está boa!

- Só queria desabafar, não quer dizer que vou me separar, ele não é de todo ruim... Quem não tem problema no casamento? Quem?

- Ah, ok! Então aceite tudo calada ou tome uma atitude!

E cada qual seguiu sua vida. Uma amiga inconformada e a outra resignada. Cheia de revolta, a moça estava determinada a contar ao marido todos os absurdos que ouviu da amiga, seus desabafos e de como há repressão ainda nesse mundo. Assim que abriu a porta, mal teve tempo de abrir a boca:

- Onde você estava até essas horas?! Cheguei em casa e nada pra comer?! 

E o marido recebeu um beijo e foi se sentar no sofá. E, depois que a mulher levou a cerveja com uma porção de amendoins, foi fazer a sopa preferida dele e ainda inconformada com o conformismo da amiga.




terça-feira, 14 de abril de 2015

A HISTÓRIA DE PAULO E ESTÊVÃO


Estêvão nasceu em berço de ouro. Sempre teve do bom e do melhor. Nunca faltou comida, bebida, roupas e o supérfluo sobrava todos os dias.

Paulo nasceu em berço de ouro. Sempre teve do bom e do melhor. Nunca faltou comida, bebida, roupas e o supérfluo sobrava todos os dias.

Estêvão cresceu em meio ao caos da recessão. Seus pais fizeram contas e malabarismos, tiveram de fazer alguns cortes e o supérfluo começou a sobrar mês sim, mês não.

Paulo cresceu em meio ao caos da recessão. Seus pais fizeram contas e malabarismos, tiveram de fazer vários cortes e o supérfluo começou a sumir.

Estêvão conseguiu um emprego no ramo que sempre sonhou. Pelo apoio financeiro dos pais, teve tempo de sobra pra tomar a decisão certa. Passou a se sustentar e comprou um apartamento dois anos depois.

Paulo conseguiu um emprego no ramo que o aceitou. O apoio financeiro dos pais não o ajudou, não teve tempo pra tomar a decisão certa. Passou a sustentar os pais e assumiu o aluguel do apartamento da família dois meses depois.

Estêvão se casou, pagou toda a festa. Viajou a Paris em lua de mel. 3 anos depois, era pai dos gêmeos, que foram matriculados numa escola bilíngue, enquanto a mãe gerenciava a franquia dada pelo marido. Foram em férias à Disney no inverno seguinte.

Paulo não se casou, conseguiu comprar um apartamento para a família. Viajou para o Guarujá com os pais. 3 anos depois, conseguiu entrar na faculdade, enquanto a mãe gerenciava a entrega dos salgados vendidos pelo filho antes das aulas. Foram em férias a Campos do Jordão no inverno seguinte.

Estêvão, naquele dia, teve o pneu do carro furado em frente a uma igreja. Ele entrou, já que estava à mão, para agradecer a Deus por tudo que tinha conseguido até aquele dia. Antes de sair, viu que havia um outro homem ali. Pela vestimenta, percebeu estar abaixo de seu nível social e pediu por ele e pela família alheia.


Paulo, naquele dia, teve o pneu do carro furado em frente a uma igreja. Ele entrou, já que estava à mão, para pedir a Deus tudo de volta que lhe tinha escapado até aquele dia. Antes de sair, viu que havia um outro homem ali. Pela vestimenta, percebeu estar abaixo de seu nível social e pediu para ser como ele e como a família alheia.

terça-feira, 7 de abril de 2015

TONICÃO, HOMEM-OBJETO!


Quando se fala em tradição, Tonicão era exemplo. Garboso, não havia uma cocota que não se encantasse com o jeito malandro do antiquado rapaz. E na mesma intensidade das fãs seguia a falta de critério do homem. Não havia modelo, parâmetro ou lógica, bastava ser mulher e respirar para virar estatística.


Como nem todas as linhas seriam suficientes aqui para descrever as desventuras do galã, separemos três mulheres, três gerações, uma linha que dificilmente o mundo conseguiria criar ou dar como relíquia ou lenda aos conquistadores do mundo.

Cristina era uma menina linda. Fogosa, famosa na vizinhança pelo jeito perfumado, hipnotizante e difícil. Apenas um homem seria capaz de conquistar aquele terreno. Educado, sempre com um bom português e um talento treinado com outras. Bastaram três semanas para estrear a menina e ratificar a fama de deus.

Tão perto da menina, anos depois, estaria outra no caminho. Roberta, puxava aos olhos da mãe, negros e profundos como o amor, distantes e impossíveis como a paixão. Solteira, desejada, mais experiente que Cristina. Mais parceiros que a moça, aquilo não estava nem à altura dos profissionais, era páreo somente a um deus: Tonicão.

Mesmo que as curvas não fossem tão simétricas como as da garota, a fama já era de ter posto pra correr todos com quem se relacionara. Durona, seria mais um desafio para tentar pôr abaixo a pedra de gelo do que uma conquista para se gabar. Um mês. Dois meses e somente no terceiro, depois de muitos versos embaixo da porta e de ter roubado as flores de todos os jardins do bairro, ela cedia.

E como se foi falado de tradição, a terceira geração da mesma família entrava em seu caminho. Mariana, aqui se podia dizer que era impossível. Não entrava em estatística. Em termos de CET, não computava como congestionamento nem estaria no centro expandido.

Mas aquele WAZE do amor desconhecia obstáculos, montanhas, monstros ou teias de aranha. Mesmo que se leve em consideração a diferença de idade, mesmo que Tonicão não conseguisse um desempenho tão bom quanto ao que teve há anos, ainda assim estaria longe da aposentadoria, longe de perder o busto.

Fosse com Viagra, com Levitra ou apenas com um rabo de galo, durasse o tempo que fosse, ele faria de três gerações algo histórico, marcaria uma mesma família com o mesmo grilhão. E se alguém duvidasse que Mariana não seria dele, por honra, por respeito a si mesmo e pela lenda do amor, as apostas foram feitas e quem achou que não seria possível, foi um marco. Sim.

Neta, mãe e avó. Creiam, 3 gerações unidas pelo mesmo homem. Mas revelar como conseguiu tirar a velha da cadeira de rodas, ele não conta, porque vó Mariana, de 82 anos, até postou uma música no facebook para a ocasião.