sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

VOCÊ JÁ VOMITOU HOJE?

Há palavras que trazem consigo uma carga tão pesada que nos deixam envolvidos de uma forma ou outra. Quando se lê VÔMITO, é um exemplo disso.

Nada de bom vem com ela. E como um karma, uma sina, a cada grafia é dada um destino e coube justamente a esta uma vida nada promissora, repleta de vazio, nojo e repulsa.

Já repararam que ela é quase uma onomatopéia? Sim, parece que o ato em sim já soletra o batismo. Essa grafia de origem latina (vomitu) ressalta aqueles casos que, se a palavra alimenta, o vômito tem lá sua inversão proporcional.

E como toda proparoxítona, ratifica-lhe a sonoridade forte e imponente.

Porém pior que discorrer sobre vômito – testando o leitor para ver quantas vezes se consegue ler isso – são as histórias que o cercam.

Estava o rapaz numa festa. Daquelas que os pais do adolescente saem numa viagem de uma semana. E a horda de amigos aparece numa noite de sexta. Música, bebida, bebida, bebida e bebida.

E uma dor de barriga tremenda o acomete. Ele segue desesperadamente para o banheiro e mal tem o raciocínio de acender a luz. Senta e reina feliz, naquela sensação de alívio, como se a dor lhe fosse tirada delicadamente a dedo.

E ainda sentia aquele sorriso interno dilatando, quando outro aparece em seu caminho, tomado pelo enjoo. Não se sabe o que veio primeiro, se a luz e a boca aberta do cara ou se o jato que lhe banhou o rosto.

E aquele cheiro azedo, entre cerveja e bacon, temperado com ovos e parmesão, ativou o cagão, que acabou devolvendo a gentileza nos pés do seu agressor, que, num ímpeto de fuga, escorregou, bateu a cabeça e por lá ficou.

Minha intenção não foi a de enojar quem me lê, mas para provar que determinadas cenas ainda podem ser mais marcantes que muitas palavras.

Portanto acredito que aqui as palavras são mais bem-vindas que as ações. E inocentar a palavra, porque para tudo existe um nome.

A associação acaba sendo iminente. Finalizando, imaginem se o ato em si fosse batizado de SONHO e o sonho fosse batizado de VÔMITO.

Use a imaginação e tenha certeza de que, se assim fosse, todos odiariam sonhar e desejariam realizar seus vômitos em qualquer lugar.

Tudo é uma questão de semântica.

6 comentários:

  1. Hahahaha não dá pra não lembrar de histórias engraçadas e nojentas da vida! Abraço bro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é, mano, a semântica, muitas vezes, acaba sendo curel com algumas palavras, não com algumas ações! - rs

      Excluir
  2. E que poder!! E tendo vc por trás delas, potencializa-a! Amo seus textos!

    ResponderExcluir