terça-feira, 22 de janeiro de 2013

SPAsmo

SPA é uma coisa interessante. As pessoas pagam horrores para se livrar do peso, do estresse, aceitam as condições e – quando se veem entregues a esse nazismo – fazem de tudo para burlar as leis. É como morar sozinho e fugir de casa, sorrateiramente.

É uma espécie de rebelde sem causa. Ou a extrema carência que leva a pessoa a querer se rebelar contra algo que ela mesma poderia evitar. É como fazer análise e discordar do profissional.

Fato é que o rapaz não queria ir para aquele SPA, lindo, no interior de São Paulo – os 130 quilos e a família o mandaram para lá. Seriam 300 calorias por dia, sem contar as inúmeras atividades.

300 calorias o cara consumia em 5 minutos, com 400ml de refrigerante. Convenhamos que isso não era uma tortura, faria qualquer Torquemada falar: “Ô, tá de sacanagem!”.

Depois de revistado, apresentado ao quarto e aos outros gordinhos simpáticos, foi para a primeira atividade do dia: caminhada de 4 km – quase uma minimaratona. Litros de água pra fora e o dobro pra dentro.

Piscina e hidroginástica. Almoço. Duas folhas de alface, meio tomate e abobrinha. Mau humor. Água para encher a barriga. Dança. Mau humor. Suor. Água pra encher a barriga. Mau humor. Mau humor. Mau humor. Jantar, meio filé de frango e uma colher de sopa de cenoura ralada. Mau humor.

Como na prisão, existem as conexões. E por lá apareceu um telefone de uma telepizza. Brilho no olhar. O cara, um quilo mais magro em menos de 24h, tomou do celular e fez o pedido.

Correu, como nunca, até o portão, esperando pelo motoboy, cruelmente interceptado pelos seguranças. Infrator delatado, expulsão iminente. Ele, 22 anos, bilionário, herdeiro das empresas do pai, enquadrado na lei pó causa de uma pizza, um refrigerante e 25 reais.

O olhar de desespero de todos, da solidariedade, contrastava com o de ódio dos instrutores e o de fúria e de fome dele.  Naquela mesma noite, o motorista foi buscá-lo.

No dia seguinte, o clima era tenso. Antes da primeira atividade e do café, o sermão foi reforçado, dizendo que nada seria tolerado, dinheiro algum poderia comprar uma regra e que o exemplo não fosse seguido.

Depois do iogurte light e da meia fatia de queijo branco, foram para a caminhada de 4 km, sempre com um instrutor feliz. Felicidade alheia, barriga vazia pela manhã não são coisas que se desejam.

Durante a caminhada, desejariam algo a mais... Como um bombom caindo do céu. E foi isso mesmo que aconteceu. Estavam chovendo bombons, balas, chocolates, salgadinhos e não era uma alucinação, apenas um alucinado por comida, milionário, que, do helicóptero do pai, fez a boa ação do dia.

O séquito esqueceu o instrutor bem-humorado e se jogou no chão, abrindo as guloseimas e se deliciando com elas. E as bênçãos daquele dia vieram em forma de KOPENHAGEN, CACAU SHOW e afins!

2 comentários:

  1. Rsrsrsrs....acho que se continuássemos a olhar, teríamos visto tb o instrutor pegar um bombom discretamente...

    ResponderExcluir