terça-feira, 16 de abril de 2013

DEUS NÃO UNIU E SÓ O HOMEM SEPARA

O masculino no casamento fica apenas no nome, o restante sempre está voltado à mulher. Tudo, absolutamente, tudo está voltado à noiva. Dia da noiva, vestido da noiva, buquê da noiva, entrada da noiva. O noivo é um detalhe quase coadjuvante.

É o rapaz que limpa o salão em CASABLANCA, a quem só a família dele dá importância. A roupa dele é ela quem escolhe, e o poder é tanto que os padrinhos também são obrigados a se multiplicarem, por que as mulheres fazem os homens ficarem iguais se elas odeiam isso? Imagine 10 casais todos iguais, a noiva também, metade do estresse seria evitado.

Melhor, todos os convidados deveriam usar as mesmas roupas, assim, como num grupo escolar, num passeio ao zoológico feito por várias escolas. Quando houvesse aquele à la carte de cerimônias numa mesma igreja, todos saberiam se estavam no horário. Ninguém se enganaria.  Sem contar que o casamento valora o atraso. Se a etiqueta manda não se atrasar, por que a noiva deve se atrasar para contradizer as normas da boa educação? Espera.

E por que se chora tanto? Fico pensando se o choro é pela cena ou pela música. Se na hora dos abraços ouvíssemos Ilariê, duvido que a choradeira apareceria. Definitivamente, casamento é um teatro. Ora e é um teatro mesmo, há drama, choro, risada, palmas. E como toda boa peça, sempre acaba em comilança após o evento.

Estava lá o rapaz, depois de meses de preparação, gastando mais do que podia e estourando o orçamento nos mimos a ela, parado no altar. À espera da entrada dela. Claro, depois de duas horas de espera. O dia dela começou às 7h, a 20 km da igreja. O casamento era às 11h. Tempo suficiente. Mas não. Horas se preparando, e o anfitrião tendo depois de se justificar a todos.

E chovia. E como chovia. E a mãe dele falando sobre a sorte de se casar com chuva. Eram as lágrimas de Deus avisando da catástrofe que seria. Mas não. E o irmão falando: “É um sinal, essa demora, é um sinal, Deus está te avisando para não casar!  Pegue a viagem de lua de mel e vá sozinho...”.

Espera. Enfim, 2 horas depois, ela chega. O que era ansiedade virou alívio. O que era para ser uma celebração virou um calvário. O que era para ser chantili virou manteiga. E o vestido? Essa pergunta na cabeça dele soara como um silvo demoníaco. Já tivera uma surpresa horrenda, faltava apenas a principal. Todas esperando pelo vestido. Inclusive o noivo, que teve de deixar os óculos em casa, porque a noiva disse não ficar bem.

O coitado teve de espremer as vistas até três metros de distância. E ela vinha. E ele não via. E ela vinha. E ele não via. E ela chegava. E ele não enxergava. Ainda bem que ninguém olha ao noivo no altar na entrada da noiva, porque veriam um pinguim míope. Enfim tudo transcorreu de modo tranquilo. O melhor foram as músicas, o casamento pop, músicas de Elton John, Beatles e Queen.

Claro que houve choro, houve aplausos, abraços, o teatro foi ótimo – isso que nada sobre a mãe do noivo foi dito aqui, ficará para depois. 

A festa também, um brunch, fazia um friozinho e os chás, bolos e chocolates quentes foram mais do que bem-vindos. E casamento é como as festas de fim de ano, quando tudo acaba, fica aquele clima de nada. Aqueles dias que parecem segundas-feiras cinzentas.

O pior é que depois do fim, todos os dias que duraram entre o fim do evento e o fim do casamento mesmo, 1 ano depois, foram com cara de 2 de janeiro. O melhor da lua de mel eram os passeios fora do hotel. Porque o quarto tinha cara de 2 de janeiro. A chegada em casa era 2 de janeiro, todos os dias foram 2 de janeiro. E depois de 365 2 de janeiros, emendou-se a Páscoa com o dia 21 de abril numa terça.

Fim de tudo. O álbum ficou lindo e com ela, bem como as alianças e todos os móveis do apartamento. Com o noivo, apenas o violão, o computador e os cd’s, além da liberdade. O que ele aprendeu com tudo isso? Que muitas vezes o evento é maior que o sentimento; como se as compras de natal e os melindres e protocolos familiares estivessem para o casamento e Cristo estivesse para o amor.

E o vestido era horrível, com um barrado que mais se parecia com um de uma toalha de cozinha, aliás já que o natal foi citado, o vestido serviria bem para ser capacho de panetone. Se o evento é típico feminino, nada mais comum ele ser complexo.

2 comentários:

  1. Hahahahaha...morri de rir! Quanta falta de sensibilidade, Dri! Muito bom! Só uma observação: sempre quando a noiva entra...EU olho para o noivo! Acho muito mais divertido ver as caras de tacho! rs
    Mas isso que vc disse é bem verdade, os casamentos estão virando espetáculos que não condizem com os sentimentos...
    Bjs =)

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