sexta-feira, 1 de março de 2013

O HALL COMERCIAL

Estava o rapaz sentado no hall de um elegante prédio comercial. Reparava que o lustre central era gigantesco e ousou contar as lâmpadas que circundavam por ali, 16.

A volta do almoço mostrava grupos engravatados e assuntos bem menos formais. Gargalhavam de uma piada suja enquanto esbarravam as calças com os crachás nos bolsos.

Gostaria de poder ter contado quantos passavam ao mesmo tempo, numa sincronia espantosa, num bando organizado, mas o cheiro da comida, que cruzava o ambiente fora rápido, o menino mal entrara e a moça já lhe pagava.

Quase que simultaneamente, um casal aparecia, esperando por outra pessoa, discutindo que cada um teria um melhor itinerário para ter chegado ali. Avenida e ruas diferentes, tentava impor quem estaria certo.

Ao mesmo tempo em que a recepcionista mostrava habilidade entre tirar a foto dos visitantes enquanto telefonava para o andar em que o motoboy esperava, impacientemente, ligando ao chefe e explicando que em meia hora estaria de volta.

Agora era a moça do casal que perdia a paciência ao celular, gritando para o ouvinte que o marido os tinham atrasado por causa do caminho longo que optara, no mesmo instante em que o marido tomava o celular dela, defendendo-se da acusação, enquanto a esposa tentava falar que assim mesmo estavam lá.

E o segurança espiando as bundas sociais que cruzam os elevadores e disfarçando com seus boas-tardes de modo solícito não acaba sendo mais divertido que a senhora que não consegue colocar o crachá de visitante na saída pela catraca.

E o casal retoma a discussão que a rua que cruza tal avenida seria o melhor trajeto e que os trinta minutos perdidos seriam suficientes para um lanche rápido. Nem mesmo o pacotinho de bolacha integral sacia a fome de razão que a moça busca.

Mas a entrega, que deveria vir pelos fundos, acaba esbarrando na mãe com os dois filhos, que ficam estourando as bolhas do plástico, enervando o pernambucano durante a discussão com o segurança, que fica mais nervoso por causa da dona do vestido claro que lhe escapa às vistas.

Depois de quase uma hora por lá, a porta do elevador se abre, e o rapaz sorri pois sabia que valeria a pena tudo aquilo, porque a linda moça o acompanha para o elevador que os levará ao estacionamento.

E o casal continua a discutir o itinerário e uma das crianças ganhou o pacote de bolachas...

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