sexta-feira, 22 de março de 2013

TEM ALGUÉM AÍ?

Dois textos passados, no qual relatei minha primeira experiência com o além, havia dito sobre esse acontecimento, que só reapareceu porque era um assunto pertinente naquela linha.

Juro que me deu vontade de parar o tema que vinha desenvolvendo e emendar esse aqui, mas preferi dedicar um texto inteiro a ele.

No início dos anos 90, eu, então com 18 anos, estava procurando estágio na área de publicidade. Sempre quis ser redator nessa área, sabia que as letras entrariam de uma forma ou outra em meu campo profissional, cria nisso e, de uma certa forma, aconteceu.

De cada 10 entrevistas que marcavam numa semana, 10 eram para qualquer coisa que não para um estágio nesse campo. Nada. Então, quando a oportunidade aparecia, tinha de agarrar com força.

Cheguei ao local 1 hora antes do previsto. Por lá, só o segurança, que disse que ninguém chegava antes das 9h e pediu para que eu subisse e esperasse por lá.

Tudo escuro. Sentei-me no belo sofá de couro da recepção e esperei. Tinha sempre um livro comigo e só não me distraí com torpedos no celular porque não havia um naquela época.

10 minutos. 20 minutos, meia hora. Decidi ir ao banheiro. Quando tentei abrir a porta do masculino, parei na chave. Trancado. Quem me conhece, sabe da arte de controlar tais necessidades. Porém eu já havia controlado tempo demais. Sobrou-me o feminino, que, por sorte, estava aberto.

Ora, ninguém por lá. Tudo escuro, 15 minutos me seriam suficientes. 8h30. Se a informação do vigia era segura, eu conseguiria passar impune tranquilamente.

Entrei. 10 minutos depois, acho que foi quando eu lavava as mãos, escutei um trinco do lado de fora. Não. Sim. Alguém me trancava do lado direito. Mal enxuguei as mãos e comprovei, estava preso num banheiro feminino para uma entrevista.

Pânico. Suor frio. Chamaria alguém? E a vergonha? Um sinal de que a vaga seria minha? Pode ser. Pânico. Chamaria alguém? Comecei suavemente a bater à porta. Dois toques. Depois mais dois. Três, quem sabe? Nada. Pânico.

4 batidas e um chamado. 4 batidas e dois chamados. 4 batidas e 4 chamados. Até que a porta se abriu. Afastei-me para ver se alguém entraria. Mas não, aporta apenas foi aberta.

Suavemente eu a abri, coloquei minha cabeça e um senhor sorriu a mim e disse que – mentindo, claro – que todos lá já passaram por isso.Saí o quanto antes e postei-me no sofá mais uma vez.

Quando fui chamado para ser entrevistado, deparo-me com o mesmo senhor que abriu a porta para mim. Impossível não ver aquele sorriso de soslaio no canto da boca. Impossível não querer ter sumido de lá.

Não fui chamado, claro. Que candidato seria talentoso ao ficar preso no banheiro feminino, isso não seria uma referência boa a mim. Confesso que se fosse chamado, seria apenas para ser a chacota do local.

Ah, eu estava com a minha camisa de pavão laranja...

8 comentários:

  1. Hahahaha...tirando a história que por si já foi hilária...responda-me uma coisa, Dri: quem vai a uma entrevista com uma camisa de pavão laranja??? kkkkkkkkk...excelente!!!! Bjs

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    1. Dri, como eu era um redator promissor, de vanguarda, já tinha de chocar logo de cara! E acho que foi o que aconteceu! - rsss -Bjo.

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    2. Só posso dizer que eles perderam uma excelente oportunidade de ter um redator como vc na equipe!!! Bjs

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    3. AÊ!!! Obrigado, Dri, bom ter amigos como você! Bjo

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  2. Hahahaha, tenho certeza que sua passada por lá foi inesquecível e chocante, como vc pretendia!

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  3. De tudo o que eu já li por aqui,sem duvida,o mais engraçado!rsrs

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    1. Hoje, eu concordo com vc, somente hoje, 20 anos atrás eu discordaria de você, Angela! - rs

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