quarta-feira, 27 de março de 2013

O ARCO-ÍRIS E O POTE DE OURO

E o menino, pela primeira vez na vida, viu um arco-íris e se encantou. Os olhinhos brilhavam mais do que ouro e seu sorriso consegui encaixar a felicidade sob medida. Aquela ponte colorida deveria ser um caminho a algo.

Perguntou ao pai aonde levava aquele caminho. O pai, didática e previsvelmente, disse que havia um pote dourado no fim dele, mas não soube falar qual o itinerário certo. Se havia duas pontas, uma delas era a correta.

Perguntou ao pai quando ele aparecia, e o pai disse que sempre após a chuva. E assim, o menino passou a torcer por ela. Por dias ficava olhando para o céu e pedindo para que não tardassem as gotas. E, enfim, elas vieram. O menino correu para a janela sabendo que, além da corrida dos pingos a escorregarem pela janela, haveria uma outra atração.

Meia hora depois, os pingos cessaram, mas o arco-íris não apareceu. Intrigado, ele esperou que o pai voltasse e se explicasse. Pais não mentiam ainda para ele. E assim que ele voltou pra casa, disse que apenas com o sol depois da chuva o céu ficaria colorido.

Mais dias de angústia e reza até que a chuva viesse de novo. Dessa vez, nem as gotas o entretiveram. Passou a olhar fixamente às nuvens e pedir que desmascarassem logo aquele sol. E foi o que aconteceu, o sorriso começou a alargar à medida que o azul trouxesse luz. Mas não houve arco-íris naquele dia.

Mais intrigado ainda, ele esperou que o pai se explicasse. Geometria demais ao menino, física quântica demais ao pai, que disse que nem sempre, mesmo que o sol viesse, o arco-íris viria.

Esqueceu de esperar, até se esqueceu do arco-íris, quando, num dia qualquer, as cores resolveram dar as caras por lá. O menino viu, sorriu e não se atentou se choveu naquele dia. Tentou raciocinar onde poderia começar e onde poderia acabar para achar o ouro.

Imaginou seus dedos duas pernas e caminhou por aquela ponte. Foi de uma extrema à outra e voltou. Fez isso até as cores sumirem. Percebeu que o pote de ouro não estava escondido em lugar algum e preferiu retirá-lo de lá, porque a diversão não poderia ter um fim.

Porque nem sempre os pais sabiam de tudo. 

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