segunda-feira, 4 de março de 2013

NÃO POSSO MAIS VIVER SEM MIM

Não é necessário contar certas coisas numa vida a dois. Um sempre perde, outro sempre ganha. Um sofre mais, outro chora menos. Aqui, no caso, não é outro, em questão, senão outra. Numa relação, geralmente um ama mais que a outra.

Há questões que chegam ao absurdo, beirando a morte e lá estava o rapaz, literalmente na beirada do Terraço Itália. O rapaz subiu, sentou-se e ficou espiando até onde as lágrimas caíam. Não soube calcular quantos andares elas sumiam, porém sabia que seu corpo chegaria rápido no solo. Bandida.

Presentes, dedicações, abstenções tudo e teve nada de volta. Deu mais do que amor, ignorou amigos, abriu mão da família, rolou de um lado a outro, fingiu-se de morto, abanou o rabo, tudo sem biscoitos em troca nem migalhas. Bandida.

 As pessoas almoçavam calmamente, até um casal sair e perceber o moribundo na sacada. Ela se aproxima e ouve uma repulsa em troca. Razão suficiente para os seguranças aparecerem e ele se levantar ameaçando se jogar. Celulares nas mãos, cordão de isolamento. Facebook, Twitter, e o Brasil, em minutos estava de olhos nele. Sobremesa farta a todos. Bombeiros chegavam.
 
A polícia já estava lá. Um pandemônio armado, um circo armado e todos armados não poderiam desarmar o suicida iminente. A exigência era simples, queria o melhor amigo lá, queria pedir perdão por tudo que deixou, por tudo que se negou a aceitar. O rapaz já passava por lá quando um amigo o chamou pelo celular. Menos demorado que chegar até lá, já abria caminho entre os curiosos, autoridades, padres e oficiais e chegava perto do suicida.

E ele a amou como nunca. Memso que soubesse que ela levou tudo dele, casa, carro, até o cachorro, ele a amava. E não bastou o amigo estender a mão e falar tudo isso, ele tinha de encorajá-lo a sair de lá. Começou relatando todas as mulheres que passaram pela vida do suicida
Abordou a liberdade dele agora. Dos pergumes de todas as mulheres do mundo. Dos cabelos sedosos. Das flores que mandará. Das músicas. Dos dias de paz. Nas novas paixões, nos novos amores. Nas novas mpusicas. E foi chegando perto. de como viver era bom. De que somente o amor próprio poderia libertá-lo para amar outras pessoas.
 
E cada vez mais perto. Projetou alguém que cuidasse dele, de verdade. E finalizou que o amigo só teria alguém em quem pensar para sair de lá e que o suicida sabia bem quem. E os amigos se abraçavam, anos depois. Os sedentos por sangue saíram desanimados. A vida volta ao normal. Os dois se apoiavam um no ombro do outro.

- Cara, você me mostrou tudo às claras, você me abriu os olhos...

 E sumiram pela multidão. As palavras doces que o amigo teve de buscar, as palavras certas. Estava consumado, a bandida preenchia cada nicho proposto em cada lembrança lançada lá de cima. E mais uma vez as esperanças do amigo caíam todos os 40 andares. Mais uma vez, ela esteve presente e o salvou da salvação. Se fosse rápido, ele ainda a pegaria em casa.
 
Frouxo...

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