sábado, 9 de março de 2013

JÁ PRA CAMA!

Já diria Edgar Allan Poe “Sono, essas pequenas fatias de morte, como eu as odeio”. Quando li essa citação do americano, senti-me representado, foi a melhor definição em relação ao sono, pelo menos ao meu sono.

Confesso que odeio dormir. E você pode perguntar por quê. Se é algo pontual? Sim, é. Sempre acho que estou perdendo algo durante ele, sempre acho que algo importante passará por mim enquanto durmo.

Voltemos ao pontual. Aos 4 anos, durante um período de janeiro na Praia Grande, litoral paulistano, em 1977, dormia o pequeno Adriano tranquilamente numa tarde quente. Quando acordei, estavam apenas minha mãe e minha tia no apartamento.

Irmãos, primos e tios haviam sumido. Todos estavam num parque de diversões. Se hoje, aos 40 anos, não entendo por que não me acordaram para ir junto, aos 4 não teria obviamente maturidade a isso.

Lembro que chorei muito, não por não ter ido, mas pelo sentimento de abandono, de esquecimento e de me sentir descartável. Afinal, que criança de 4 anos preferiria dormir a ir a um parque de diversões.

Ok, sessão terapia agora...

Enfim, conseguir pontuar o exato momento do trauma é algo muito útil a tentar sumir com ele. Fato é que 36 anos depois, não consigo. Penso sempre sobre quantos parques de diversões passaram ou passarão pela minha vida durante meu sono.

Durmo cerca de 4 a 5 horas por dia. Não me lembro de ir para cama porque precisava dormir. Nem mesmo nas várias jornadas de 10 horas por dia em frente a mais de 100 alunos.

Ou mesmo quando acabava um show às 4h e tinha de me levantar às 6h30. Sono é algo pouco amistoso a mim.

Cochilos à tarde então inexistem.

Até mesmo quando me deparei com um Rivotril, a luta contra o sono foi quase vencida. Se pudesse, meus olhos não se fechariam. Passaria a noite lendo, vendo filmes, ouvindo música, meus planos e meus erros.

Confesso que já tentei ir a um parque de diversões à tarde, mas não foi a mesma sensação se alguém tivesse me levado até lá.

De tanto temer ser abandonado, o sono acabou endossando minha paúra.

 

 

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