sábado, 15 de setembro de 2012

REGANDO O MAL PELA RAIZ

Toda família tem um doente. Não o físico, o pior doente que existe, o psicológico, o chato, o pegajoso, o coitado, o inconveniente. Aquela pessoa que fala “é pavê ou é pra comer?”.

E desgraçadamente, eles sempre estão presentes. E como qualquer hora sempre seria inapropriada, naquela tarde, o tio apareceu de surpresa, deixando o casal com aquela cara de cu.

Todos conhecem o tipo, só falam em primeira pessoa, contam aquelas piadas dos anos 70, usam sandália de couro e uma pochete na cintura. Repetitivo, papo enfadonho, troca os nomes, sempre está certo, ama empregadas, mexe no saco quando vê as amigas da sobrinha, um ser de classe.

O holocausto estava presente. Suor frio, e aquela voz rouca, entrecortada pelos catarros que faziam conexão do nariz ao estômago. A mania de coçar a virilha por dentro da calça. Diziam que sempre havia um bolso falso pra isso.

Foi quando comentava que havia enfrentado três soldados durante a ditatura, que o Gorgonzola, o bulldog deles, mais enfadado ainda, resolve traduzir o que o velho realmente era. Levantou-se, foi até perto dele, ouviu um carinhoso “saco de pulgas”, levantou a perna e regou as frieiras do velho.

A gargalhada foi inevitável. Anos aguentando o tio asqueroso, a quem odiou, desde que ele levantou o menino pela cueca, assando-o por completo. Anos se passaram e ainda gargalhava enquanto o velho saía de lá.

Se alguém ainda acha que os cães são irracionais, nunca acreditará no que eles fazem por uma picanha grossa e tenra como aquela.

 

2 comentários:

  1. Muito bom! Preciso de um bulldog como esse! - rs
    Porém, fiquei preocupada com a qualificação negativa para a troca de nomes, pois nisso sou mestra! - rs Será que serei a tia chata? Medo!

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  2. Lu, acho que, como vc adora cães, a probabilidade de um te dar um "cala boca", tal qual o Gorgonzola, é muito pequena!

    Obrigado pelo apoio!

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