sexta-feira, 28 de setembro de 2012

FOI SÓ UMA PICADINHA!

Pensou que seria uma brincadeira. Sabia que o cara era disso, 20 anos e amizade não poderiam significar algo sério agora. Eles se conheciam antes de o amigo entrar em Medicina e se especializar em oncologia.

Não podia ser. E justamente agora, no momento em que mais precisava de apoio? Separação, insatisfação profissional e mais isso: “Um tumor?! Inoperável?! Poucos meses de vida?!”

Ele gargalhou esperando que o amigo o acompanhasse, mas o tom soturno apagou qualquer possibilidade de imitá-lo. Pediu um conselho e ouviu: “Viva!”

A vontade era de se matar quando saiu do consultório. Não conseguia norte, mas parou num bar e virou uma garrafa inteira de tequila, com todos os limões possíveis. Tinha apenas 45 anos. “Viva”.

Conseguiu ser demitido, 20 anos de empresa renderam a ele mais de 500 mil reais. Juntou com a poupança. Viajou para Nova Iorque, museus, Broadway, uma tatuagem com Ami James, frituras e bebidas. Apaixonou-se por uma italiana.

Viajou com ela até Petra. Andou de camelo. Conheceu os pais dela em Milão. Deixou-a lá com a promessa de voltar. Paris. Esperou horas para constatar que a Monalisa tinha um tamanho pequeno demias pela grandeza. Comprou uma prostituta em Amsterdã. Quase foi espancado por mostrar as pernas no Egito.

Amou o Marrocos. Tirou uma foto ao lado da Mafalda em Palermo, Buenos Aires e estava pronto pra morrer assim que voltou, seis meses depois. Desembarcou e foi direto fazer um check up com o amigo, que o monitorou por quase 180 dias a distância.

Quando entrou, sentiu uma vontade enorme de chorar, porque morreria feliz agora. O doutor sorriu de volta, pegou o jornal e deu a ele, dizendo:

- Amanhã cedo, abra nos classificados de empregos, não há tumor que resista a uma mentira.

Catarina, a milanesa, chegou no mês seguinte, e concordou que a nossa pizza é melhor que a deles.

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