segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A CARTILHA DO DIABO

Estava dando uma palestra a umas 60 professoras da rede estadual. O novo acordo ortográfico estava em pauta. Diante de mim, várias estelionatárias, recalcadas.

Não me lembro se foi durante a diferença que falava entre tias e professores. Até que uma senhora, com rugas e raiva suficientes, ergueu a mão e, num tom ameaçador, ofensiva soltou:

- Afinal de contas, eu falo “trouxe” ou “truxi”?

Só poderia ser um teste, aquilo não poderia ser genuíno. E ela insistiu na pergunta vendo o meu silêncio – na verdade, minha indignação.

Fui à lousa e escrevi, perguntando: "Como a senhora lê isso aqui..."

- Não perguntei como se escreve, perguntei como se pronuncia! – tenso.

Os olhares me fuzilavam. Eu tinha menos tempo de vida do que elas de sala de aula.

- Eu não vou ler!

- E eu não vou explicar! – e apaguei o enigma da lousa.

Ela se levantou e saiu, batendo a porta. Terminar aquelas duas horas foi um teste e tanto, mas consegui ao menos não ser apedrejado.

Quem foram os alunos dessa professora? Quantos crimes ela cometeu?

E você? Aprendeu com uma tia ou com uma professora?

Eu? Eu tive as piores estelionatárias possíveis.

2 comentários:

  1. Só tenho uma palavra a dizer sobre isso, nesse momento: tenso!

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  2. Todos fomos vítimas, né, Lu? E ainda bem que conseguimos reverter a situação!

    E quem não conseguiu nem tem noção que sofreu esse abuso?

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