domingo, 9 de setembro de 2012

GROUCHO MARX ROUBANDO A ROSCA CARIOCA

Carnaval, litoral do Rio de Janeiro. Como todo samba pede praia e como toda folga traz ibope, aqueles 5 dias trariam multidões.

Na estrada, no pedágio ou até na praia, as filas se acumulam como os blocos na rua. E se os foliões amam farrear junto, por que seria diferente numa padaria?

 As fornadas não paravam, o que não quer dizer que eram ligeiras. De meia em meia hora, os pãezinhos eram ouro.  Mal saiam das cestas, enchiam os sacos dos famintos.

Eram dois na fila, regatas, chinelos e frivolidades. Já há quase uma hora de papo, o cheiro acolhedor tomava conta do local. Da calçada, conseguia-se ser atraído.

Enfim, era a vez dos dois:

- Quantos vão querer?

- Não sei, você sabe quantos somos? – perguntou ao amigo.

- Boa pergunta, eu também não sei...

- Poxa, rapaziada, não é hora de matemática, todos estão esperando! – interrompeu um carioca faminto e impaciente, rasgando a fantasia.

Os amigos o olharam indignados, olharam-se indignados, e um deles, o talentoso, virou-se ao balconista:

- Amigo, quantos pães você trouxe dessa fornada?

- 100.

- Embrulha todos! – e virando-se ao estúpido detrás, completou – Meia hora a mais pra tu aprender a treinar sua paciência, mermão!

Ser espirituoso é um dom. E o segredo da piada é o tempo. Unir os dois é algo raro e cabe sempre registrar espetáculos como este aqui.

 

2 comentários:

  1. Excelente, mas confesso que tenho minhas dúvidas sobre qual foi mais inconveniente: o carioca estúpido ou a dupla que, além de lerda, deixou todos os demais da fila a verem navios... rsrsrsrsrs.

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  2. Pois é, nunca saberemos, Lu, qual o tamanho de algo: do talento, da incoveniência ou do bíceps! - rs

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