sexta-feira, 31 de maio de 2013

A PIN UP DO ROCK'N'ROLL - parte 1

São Paulo, num ano qualquer. Simples como um dia que termina, ela entra em seu quarto, se fecha a chaves e liga o som. E se a rotina do trabalho está presente 5 vezes por semana, a rotina de alienar-se também. Câmera do notebook ligada, e a dança nos acordes sensuais do rock’n’roll preenchendo cada segundo, cada movimento daquele vaivém inebriante.

Era como se a Suzie Q. ganhasse vida e preenchesse os vários clipes naquele blog e os sonhos de muitos. Eram mais de mil acessos diários. Fãs por toda capital, propostas de casamento, de uma noite só ou apenas revelar o que havia acima do pescoço. Aliás, essa era a curiosidade dominante, quem seria aquela mulher colossal?

Os fanáticos faziam apostas, as redes sociais pediam sua cabeça, de uma forma ou outra. Sempre com algum acorde metálico, ela embalava mais do que as noites de todos, era um instrumento novo entre tudo o que já existia. Uma advogada, uma médica. Engraçado é tentar colocar um antagonismo nas ações escusas de qualquer pessoa. Talvez porque fosse melhor ter esse clichê ou talvez porque fosse natural pensar assim, porque a vida pede isso.

Seja lá o qual ocupação essa mulher tinha, fato é que qualquer ocupação do outro lado da tela ficava empolgada com tudo. Cada música, uma nova dança. Já foi mais uma da capa de Sargent Pepper, já retirou couros ao som de Judas Priest. Encarnou mais uma máscara com o Kiss e abocanhou uma rosa ao som do Ozzy.

Encantava, sacudia, mexia os quadris tanto quanto os punhos e as perversões masculinas. Depois das 5 minutos daquele dia, outro vídeo postado. Ela desligou o notebook e foi ao banho. E se as palavras conversam enquanto o livro está fechado, o mundo acontece mesmo e principalmente com os olhos virtuais fechados.

Como toda salsinha tem seu dente, todo anel tem seu Smeagol. Ele não desistiria. Os amantes do metal são os mais fervorosos que existem, agora aliar rock e mulher é quase uma antimatéria. Um boom iminente, seja pra qual lado for. Ele tentaria de tudo. Rastrear o blog. Tentar localizar de onde ele era criado. Mandar emails com fotos de todos os posts com um cartaz dando 10 a todas as performances.

Inventar que todas as transas que fez foi ao som das músicas que ela colocou, que ela profetizara os momentos mais deliciosos dele. Que era fã número 1 – aqui o desespero já se mostrara em metástase -  que se mataria caso não respondesse. Que ficou dois dias sem escrever porque a tentativa de suicídio dera errado.

Compôs e gravou uma canção em homenagem a ela e que desafinara porque a emoção era maior. Explicou cada letra que ela postara e fez uma alusão bizarra entre os dois, provando que nasceram um para o outro, esse aqui até provocou um sorriso nela. Paixão fulminante. Deveria haver uma chance e houve... (continua).

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