domingo, 19 de maio de 2013

ADRIANO JACKSON E O ALGOZ!

Em 1983, eu era todo rock'n'roll. Era posto em xeque pelo Marcelo, meu irmão mais velho, a todo instante. Doutrinado a amar somente o heavy metal. Então, no antigo SOM POP, da Rede Cultura, eu vi uma cena a qual me fez pensar que havia coisas boas também fora das guitarras. Aquele rapaz de casaco brilhante fazendo o Moonwalker, fiquei hipnotizado.

Minha mãe costumava encerar o taco de casa. E quando se chocavam o lustro com as meias, algo convidativo e escorregadio aparecia. Sim. Eu comecei a tentar praticar aquele passo. E, numa tarde, quando estava quase conseguindo, meu mestre e algoz apareceu. 

Marcelo quase me matou. Esbofeteou-me com palavras duras, disse que eu não era digno de escutar rock'n'roll, que eu jamais voltaria a dividir as mesmas músicas que ele e meu gêmeo. Disse que eu era o traidor do heavy metal.

Aquilo me feriu profundamente, chorei sozinho e escondido. Apenas queria tentar repetir aquela dança. Nunca mais tentei. 

Anos mais tarde, dias depois da morte de Michael Jackson, num show da nossa banda, o mesmo Marcelo fez questão que eu cantasse Billie Jean. Cantei orgulhoso, mas não tentei repetir os passos. Talvez eu volte a tentar um dia que ninguém puder abrir a porta.



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