terça-feira, 7 de maio de 2013

O SONHO DE WADJDA

O clichê de que se viaja muito com a leitura não será usado nesse texto. Hoje prefiro embarcar nas telas do cinema. Adoro ver filmes de culturas diferentes para ver lugares que, talvez, eu nunca visite. Longas que trazem cidades, países distantes dos roteiros turísticos, me dão um prazer estranho e convidativo.

Assisti no último sábado ao primeiro filme rodado e produzido inteiramente na Arábia Saudita, O SONHO DE WADJDA, que também teve sua direção sem precedentes por uma mulher, é daquelas histórias que você se encanta apenas com a sinopse dela. Haifaa Al-Mansour ratifica a visão feminina e diferenciada à arte.

Muitas vezes, a cultura do Oriente Médio nos choca com tanta rigidez e, quando isso é mostrado pelo olhar de quem mais sofre, o inconformismo e a sensação de liberdade e de felicidade ficam mais latentes.

Daí se aliam duas coisas, a visão que vai ao encontro do que aqui já se está acostumado a sonhar e um lugar completamente diferente e tão igual a muitos pelo mundo, dois prazeres, a mim, apaixonantes.

Wadjda  - interpretada pela excelente Waad Mohammed - é uma menina que sonha em ter uma bicicleta - brinquedo incomum e condenável, dentre outras tantas coisas, às meninas e mulheres da Arábia – para disputar uma corrida com seu melhor amigo, o gracioso e leal Abdullah.

Insaciável aos pedidos da mãe – que está num dilema, pois o marido tende a se casar com outra mulher, o que endossa os padrões à cultura árabe – segue a natureza, retardando as vontades da filha.

Wadjda então percebe que teria de se virar. Começa a fazer pulseiras e a vendê-las no colégio. E, como todo sonho basta para nos mexermos, tudo o que faz ela começa a colocar valor. Desde livrar o remorso do melhor amigo, que a fez chorar, até marcar encontros proibidos.

Até que aparece um concurso na escola. Recitar trechos do Alcorão ou dar o significado correto das palavras contidas nele – a pequena encara. A bicicleta – que ela, com sua simpatia com o proprietário, consegue reservar para si – custa 800 riais (rial) e o prêmio, no valor de mil, financiaria um sorriso iminente.

O sonho ganha mais força de se realizar.

Mais do que uma simples corrida entre amigos, o filme retrata a opressão que a mulher saudita sofre, e o que é pior, muitas vezes com a fomentação delas mesmas. A começar também pelo cinema, não existem salas oficiais por lá, isso significa que a história passará apenas em outros países.

Se Wadjda – cujo sorriso é cativante e a determinação, invejável - conseguirá realizar seu desejo, não me cabe aqui revelar, mas cabe a mim dizer que a língua única da felicidade é entendida nos quatro cantos do mundo.

2 comentários:

  1. Já na lista para ser visto.
    Aproveito para lhe indicar o melhor filme que assisti em 2012 - Sarah'key.

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    1. Opa, Nelson, obrigado pela dica! Não vi ainda, mas já entrou na lista! Abraços!

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