quarta-feira, 29 de maio de 2013

ZÉ COLMEIA E OS SOLDADINHOS DE CHUMBO

Muitas vezes a verdade não é o melhor caminho. Essa é uma daquelas histórias que endossam a mentira, que provam que o engano às vezes é a melhor solução.

Vamos chamar a menina de Carla, para preservar a identidade da protagonista deste relato. Carla adorava dançar, tanto que acabou matriculada em aulas de dança junto com a vizinha, mais madura, e que já sabia atravessar a rua sozinha.

Como de praxe, todo ano havia uma apresentação de fim de ano. Era um conto de fantasia, com princesa, soldados, bichos etc. Alvoroço. Quem seria a princesa? Quem seria a princesa? Dentre as várias meninas, nossa protagonista e a amiga ficaram como coadjuvantes, fariam ursinhos que dançariam com os soldadinhos de chumbo.

Ao chegar a fantasia, uma sensação de desconforto tomou conta da dançarina. Aquele ursinho marrom com orelhas redondas e enormes estava mal modelado. Tudo bem, o mais importante para ela era fazer o seu melhor em nome da arte.

A noite transcorreu bem e para todos os pais todas as filhas eram a princesa da noite e roubaram a cena no palco.

30 anos depois. O ursinho cresceu.

A irmã tinha uma enteada que seguia os passos da pequena bailarina de décadas atrás. E, coincidentemente, encenaria a mesma obra de anos passados. Sim, O QUEBRA NOZES estaria mais uma vez na vida do ursinho, porém Carla só soube disso durante o espetáculo.

Peça muito bem montada, uma produção competente, de fazer a moça querer voltar no palco, mesmo que seja como... Como... Não podia ser! Mas a verdade chegava nua crua. Na cena dos soldadinhos de chumbo, não eram ursinhos que dançavam com eles, porém ratos. Isso mesmo ratos, cinza e de orelhas grandes e redondas.

Os olhos não enxergavam a montagem da mesma forma. Será? Será que houve uma adaptação? Mas não. Soube naquele exato momento que os ursos nunca apareceram na obra, não faziam parte dela. Por toda vida, uma das únicas experiências que teve no palco não foi como urso, foi como rato mesmo.

Ratificou que a confecção da fantasia era porca, de um mau gosto exagerado. Teve nojo de tudo, e, principalmente, de si mesma. Um rato???

O que aconteceu depois disso não saberemos, mas dizem que, na primeira sessão de terapia, ela começou a conversa dizendo que Zé Colmeia tem uma importância bem maior que o Mickey Mouse no mundo infantil, não é mesmo?

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