segunda-feira, 1 de julho de 2013

UM FRANCÊS TERRÍVEL, UM ESPANHOL PROMISSOR E O SORRISO DO EX-GOVERNADOR

A decepção, decididamente, é uma dos mais agudos sentimentos que a humanidade pode vivenciar.  É uma espécie de impacto fétido. Algo que se esvai de um modo tão inesperado, que não se consegue ao menos tentar resgatá-lo, não se consegue ao menos esboçar uma tentativa positiva de encará-lo.

Ela é a tristeza sem precedentes, é a melancolia não-avisada, é depressão no seu estágio mais suave. E aqui se encaixa qualquer situação em sua vida. Pessoas, momentos, uma festa, uma música ou um filme.

Pois é este que será o teor do texto. Sou louco por eles. Há tempos não sei o que é passar uma semana sem assistir a um lançamento ou rever outras maravilhas – uma boa forma de evitar a decepção é isso, o replay.

Pela primeira vez no CAZZO! Vou ter de propagar uma nada legal crítica a uma película francesa. Sempre digo que os trailers são uma propaganda, muitas vezes, enganosa.

Confesso que dificilmente me enganei, de súbito, apenas MAR EM FÚRIA me veio como prova de um sentimento frustrante. Até sábado último.

Quando vi as chamadas do filme francês, quando li o resumo do conteúdo dele, fui tomado de uma esperança muito forte: a de que a fantasia seria única. A proposta era interessantíssima e vinha do livro homônimo de Boris Vian.

Sabe aquela sensação de nunca ter escutado sobre o autor e, ainda mais, pela magnífica história que seria contada e você nunca soube a respeito – e até se condena por ser tão ignorante e nenhum dos bons amigos que devoram livros falar sobre? Pois é, imagine a carga de expectativa que coloquei quando vi que A ESPUMA DOS DIAS existia, mas era um prenúncio ao nada... E foi.

Estreou no último dia 28 e, duvido, duvido que tenha vida longa como os muitos a que assisti por aí. Entrei ansioso, sentei e, já com 15 minutos de filme, dei a primeira cochilada. Feio, bem feio. Foi a segunda vez que isso aconteceu comigo no cinema e, coincidentemente, com a excelente Audrey Tautou na trama.

O longa é uma mescla do surrealismo de Macunaíma, que também me provoca enjoos, com toques futurísticos e muita informação, muita informação. Cada segundo é repleto de detalhes absurdos, desnecessários, exagerados. Não me considero um profundo conhecedor da sétima arte, mas estou longe de ser um obtuso, que não entenda as metáforas e mensagens camufladas em diálogos e cenas.

A história de amor entre Collin e Chloé não convence. Tudo muito superficial, o sentimento entre eles não traz a sustentação devida. O amor acaba sendo algo tão bizarro como as cenas exageradas e sem sentido. A personagem de Audrey acaba engolindo uma flor, que a condena à morte.

E juro, nunca torci tanto para uma personagem morrer e o filme acabar.

Fujam dele.

E eu, que odiei o Gatsby, agora retifico minha crítica. Quando assisti a ele, disse que, naquele dia, o melhor foi ver que o novo do Almodóvar estrearia.

Anteontem, a sala ao lado já trazia a nova comédia do espanhol. Ratifico e repito meu comentário, o melhor da noite foi saber que a decepção com o Pedro é quase nula. E por quê?

Porque, pra fazer o ex-governador José Serra sorrir é uma tarefa de poucos e, enquanto eu esperava para entrar na sala 1, vi que o vampiro saía da 2, com um sorriso feio, como de costume, mas sincero, e isso apenas gênios como Almodóvar sabem fazer.

 

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