segunda-feira, 15 de julho de 2013

A DOCE BRUTALIDADE DE HANNA ARENDT

Hanna Arendt
Sei que o alemão é uma língua meio bruta, porém, de uns tempos pra cá, acabou tomando outros sons em meus ouvidos. Fato é que optei por ver HANNA ARENDT por dois motivos, primeiro, pelo tema – que já enveredaremos por ele, segundo, pelo idioma.

Talvez os anos teimem em me mostrar que tudo é uma questão de costume, por isso a brutalidade linguística do alemão começa a ganhar contornos mais interessantes a mim, endossado por este longa excelente.

De origem judia, a filósofa alemã acaba sendo rechaçada pela sociedade por entender que os crimes cometidos por alguns nazistas não passaram de uma questão hierárquica, burocrática. Enviada pelo THE NEW YORKER para cobrir o julgamento de Adolf Eichmann, sequestrado em Buenos Aires, e levado à corte em 1960 – ela constata que o comandante alemão era somente um leal servidor, não um monstro.

Daí surge o livro EINCHMANN EM JERUSALÉM. Apenas 10 páginas publicadas na revista foram suficientes para render a ela o título de “defensora de nazistas”.

Reconhecida pela sua arrogância – ou diria segurança – ela não cede às pressões de parar, mesmo sendo impedida de continuar suas aulas na New School of Social Research, onde defende sua tese de não ser uma adepta a Hitler, senão alguém que entendeu o dever de um alemão.

A professora e jornalista é aplaudida por todos – inclusive por mim, a excelente atriz alemã Barbara Sukowa é um show à parte - continua lecionando por lá até 1975, ano de sua morte.

O roteiro do filme é maravilhoso, a forma como os filósofos e estudiosos encaram o nazismo passa a ser uma aula de História e Filosofia. Mais que entender a opinião dela é entender os dois lados, e isso acaba sendo um exercício fenomenal de abstenção e imparcialidade.

A atriz Barbara Sukowa, como Hanna
Tente esse exercício e perceba a metáfora do cão latindo cada vez que a porta do apartamento dela se abre, é fantástico.

O único lado ruim do longa foi a sala onde foi projetado. Os assentos do cinema da Livraria Cultura são ótimos na disposição, mas péssimos em conforto, e eu, que fui predisposto a amar a língua alemã, tenho a certeza de que nunca amarei aquelas poltronas vermelhas.
 

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