segunda-feira, 29 de julho de 2013

QUAL É A SUA ESTAÇÃO?

O que pensar sobre uma estação de fé? O que pensar sobre algo que ainda o mundo e a vida nem me apresentaram. Observar é tentar imaginar vidas que não passam pelos meus olhos, mas são tão óbvias e comuns que perdem a graça. Óbvio, o óbvio. Esta palavra sempre me incomodou. Não sei se pelo fato de as coisas serem tão lógicas, e acho que algum lugar há uma lógica para tudo, mas sempre fui vista como a estranha.

Sempre me disseram que não seguia os padrões normais do mundo. Ora, será que Deus ao nos dar a vida de presente deu-nos também os padrões que o ser humano deve seguir?! As leis e as normas, bem como os idiomas foram criados pelo homem, e assim são subcriações divinas.

Por muito tempo pensei que eu estivesse errada, juro. Mesmo assim, não me sentia do avesso, nunca me senti do avesso. Procurei nos livros coisas que faziam as dúvidas escaparem de minhas mãos, como se o vento dissesse: Ah, deixa isso para lá, que você já resolveu.

E eis o óbvio! Porém, uma coisa que ainda não consegui entender, a vida. Muitas vezes recheadas de óbvios não me deixo completamente lógica perante ela. A vida, para mim, não se trata de um tratado, mas de uma experiência sempre me vem como uma estação de fé, algo de uma promessa. Como se Deus nos colocasse a esperança pendurada em uma vara, e o destino montasse em mim e me fizesse - com as esporas dos dias - correr sempre atrás de algo que não pudesse alcançar. A vida me vem assim. Uma estação de fé que nunca chega e sempre é vista.

É como quando estamos num barco e sempre vemos ao longe um monte e sempre este monte nunca chega, pode se mostrar em várias posições, mas nunca podemos pôr o pé nele. É por isso que ponho o meu no chão e ganho estrada agora. Será que minha mãe sentirá minha falta? Acho que não, o trânsito e o trabalho deixá-la-ão num mundinho de mais um.

Acho que vai chover mais tarde, ainda bem que não tenho medo de chuva, adoro caminhar e chutar poças pelo caminho. Para onde vou? Nem sei. Deveria ter pegado mais alguns livros. Não sei se esse tal de Dostoievski é lá entendível, talvez não o leia. Se não conseguir entender as primeiras linhas, eu paro.

Que vergonha, não conseguir entender as palavras do meu próprio idioma, isso é uma vergonha! Ora, vou entender sim, está escrito em português, não é russo, é!? Ora, se o tradutor entendeu, acho que nem é preciso saber russo para entender a língua portuguesa, vou conseguir!

Posso muito bem inventar um crime e eu mesma desvendar! Talvez seja assim que Deus deva agir, Ele cria as pessoas, sabe que vão encontrar pelo caminho, arma um destino doido para cada uma e, se no decorrer da situação, Deus for com a cara do fulano, dá um brinde de felicidade para ele”.

E ela tinha apenas 15 anos, quando pensou isso, morreria horas depois sem conhecer a própria estação de fé.

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