quarta-feira, 31 de julho de 2013

O EXORCISMO DO CHIMPANZÉ

Muitas vezes nem é preciso de um psicólogo para dizer que todos os problemas estão na infância. Existem problemas, traumas e momentos irreversíveis, como o que vem a seguir.

Não darei nomes, porque eles seriam desnecessários e constrangedores. O fato é que o garoto estudava pela manhã e tinha um despertador, um macaquinho, que batia os pratos na hora escolhida, presente utilíssimo da avó.

Fato também que o macaco nunca o despertou, as pilhas estavam à espera da boa vontade do pai ou da mãe.

Numa fria noite de sexta, sabe-se lá por que a boa vontade paterna apareceu, entrou no quarto dos gêmeos e se dirigiu até o criado-mudo -  que dividia as duas camas - para colocar as tão desejadas alcalinas.

Sábado. Manhã silenciosa. Apenas o vento gélido e o ranger dos galhos.
 
Quando, às 6h, o bichinho desandou a soar aqueles pratos, o coração dos meninos quase vieram à boca. Um deles desandou a berrar, enquanto o dono do despertador ficava atônito, vendo o mais velho entrar no quarto e atacar furiosamente o bicho na parede.

O silêncio tomou conta da cena. Deixaram o possuído no chão, que ainda teimava em sincronizar alguma percussão.

O chimpanzé, ou o que sobrou dele, foi para a gaveta, de onde nunca deveria ter saído. O pior é que, até hoje, ele continua lá - mãe saudosista - e sempre evito de ficar por mais de 1 minuto naquele quarto, pois nunca se sabe quando será a o dia dele, nunca se sabe quando será a hora de despertar.

 

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