
Não darei nomes, porque eles seriam desnecessários e constrangedores.
O fato é que o garoto estudava pela manhã e tinha um despertador, um
macaquinho, que batia os pratos na hora escolhida, presente utilíssimo da avó.
Fato também que o macaco nunca o despertou, as pilhas estavam à espera da boa vontade do pai ou da mãe.
Numa fria noite de sexta, sabe-se lá por que a boa vontade
paterna apareceu, entrou no quarto dos gêmeos e se dirigiu até o criado-mudo - que dividia as duas camas - para colocar as
tão desejadas alcalinas.
Sábado. Manhã silenciosa. Apenas o vento gélido e o ranger
dos galhos.
Quando, às 6h, o bichinho desandou a soar aqueles pratos, o coração
dos meninos quase vieram à boca. Um deles desandou a berrar, enquanto o dono do
despertador ficava atônito, vendo o mais velho entrar no quarto e atacar
furiosamente o bicho na parede.
O silêncio tomou conta da cena. Deixaram o possuído no chão,
que ainda teimava em sincronizar alguma percussão.
O chimpanzé, ou o que sobrou dele, foi para a gaveta, de
onde nunca deveria ter saído. O pior é que, até hoje, ele continua lá - mãe
saudosista - e sempre evito de ficar por mais de 1 minuto naquele quarto, pois
nunca se sabe quando será a o dia dele, nunca se sabe quando será a hora de
despertar.
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