segunda-feira, 22 de julho de 2013

CONCURSO INDEFERIDO

11 anos lecionando em cursos preparatórios para concursos públicos foram o principal motivo que me fez assistir, depois de mais uma jornada de aulas aos concursandos, ao filme recém-lançado O CONCURSO. Confesso que num longa em que se lê Sabrina Sato no elenco não se pode criar grandes expectativas, e foi a melhor coisa que fiz.

O que poderia ser algo mais que interessante caiu num pastelão barato, em clichês previsíveis e plágios do cinema americano. O início informativo exaltando o quão difícil é conseguir a tão sonhada estabilidade foi abordada de modo cômico, e os primeiros minutos do filme prometiam alusões muito fiéis às que vivem os alunos.

Mas não, o bizarro, o surreal e o nefasto acabam tomando conta da narração e do desenrolar da trama, que traz 4 candidatos à prova final, e oral, para o cargo de juiz federal, o mais alto salário do funcionalismo. A cobrança da família, a esperança da família – tal qual vividas pela maioria dos estudantes desse segmento - foram abordadas com fidelidade.

E o que poderia ser uma espécie de alento, uma espécie de companheirismo e, por que não, um endossar a todos de que os concursandos sofrem como nunca nessa jornada, tornou-se em desfechos absurdos, irreais e frustrantes.

E a resposta do porquê tenho visto mais filmes profundos que comédias amenas ressoou forte. Se havia alguma tentativa de mudar o meu hábito de assistir a obras mais inteligentes, caiu por terra durante os quase 90 minutos de projeção.

Estaria exagerando que o filme é de todo ruim, rende boas risadas. A cobrança do pai do gaúcho Fabio Porchat, vivido pelo honesto Jackson Antunes, por exemplo é algo a ser citado. Sem contar as belas tomadas do Rio de Janeiro.

Algo a ser abordado também é a forma como um dos filhos ilustres de Piraporinha, interior de São Paulo, é enaltecido com faixas e festas por estar entre os 4 finalistas, uma alusão perfeita ao que costumo dizer em sala: a esperança da família, o orgulho da cidade, uma celebridade da estabilidade.

Fora isso, um passatempo água com açúcar que pode render algumas risadas, mas que não se sustenta pela forma irreal com a qual foi mostrada. Enfim, não condeno a sua exibição, porém O CONCURSO acabou se tornando apenas uma promessa de um longa fenomenal.

E não poderia fechar esse relato dizendo a frase sensacional que os livros preparatórios berram e a que a personagem de Sabrina Satro mais evoca no filme: “Você tem que me comer!”.  

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