sexta-feira, 26 de julho de 2013

PRA VOCÊ EU SEMPRE DIGO SIM!

Não se sabe ao certo quando foi a primeira vez que aceitou uma preferência dela, fato é que, a partir de então, somente prevalecia o gosto da moça. O sim dela era imbatível, o comodismo dele também. Assumiram uma espécie de cumplicidade: ela mandava, ele aceitava.

Roupas dele, coisas dele. Chegou ao ponto de amar uma camiseta, um sapato e ter de esperar para que ela opinasse para que ele pudesse levar. E aqui nunca se saberá se era por dependência ou pela paz. Ele sempre preferiu evitar confrontos. E, uma vez confrontada, como toda pessoa mimada, o choque seria iminente.

O ponto máximo foi ela ter ficado louca quando disse não ter gostado de um livro e ele sim, teimou a moça que o livro era ruim. Mas isso seria mexer demais com o brio do rapaz, que amava o autor alemão. Só ele sabe o quão duro foi reverter o bico.

Casaram à moda dela. Tudo o que cabia a ela ou não foi de gosto dela. Os móveis da casa, as cores da parede, as cortinas, quem iria visitá-los, quem não, os convidados dos dois, as roupas que ele usaria, as refeições, os filmes, peças de teatro. Não era uma missa, mas o “amém” estava lá a qualquer hora e dia.

Até mesmo as posições na cama, quem começaria, como terminaria. E o homem deixou de ser gente há meses. E, como uma bolha de ar na água, tudo uma hora se revela, e o desgaste começou a aparecer. Não brigavam porque ele não queria. Ela pedia e ele não atendia porque o combustível havia acabado.

Ela decidiu uma terapia de casal, e foram os dois. E só ela falava, só ela expunha e só ela estava certa. Até que o terapeuta pediu a opinião dele. Ele começou a falar e ela o interrompeu.

E aconteceu, de imediato, ele se virou à falante e soltou um “feche a merda da sua boca” de modo tão natural, explosivo e raivoso, que ela se calou. O terapeuta sorriu. O rapaz se levantou e a deixou ali, só. Ela se desesperou de raiva, mimo e orgulho feridos.

Foi para casa enfurecida. Determinada a colocar um ponto final naquela ousadia dele. Foi humilhada e queria uma retratação. Quando abriu furiosamente a porta do apartamento, ele estava calma e deleitosamente lendo um livro.

Ela se aproximou de modo abrupto, puxou violentamente o livro da mão dele e exigiu:

- Se for para agir assim nunca mais fale comigo!!!

E é assim que se encerra a história de hoje. O divórcio foi pedido de um modo sereno, por sms, seguindo, como sempre, os comandos dela.

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