
Embriagado
de amor, e isso basta para loucuras e comprovações irracionais, ele aceitou o
desafio e trouxe para o Brasil, em 2003, parte daquela viagem maravilhosa e se
desafiou a voltar a provar dez anos depois o mesmo sabor que marcou sua vida.
E
o dia chegava. Naquele domingo, não pensou em mais nada a não ser abrir aquela
garrafa empoeirada, acompanhada de um farto pedaço de queijo parmesão e pão
italiano. sim, logo cedo, seria o desjejum mais delicioso nos últimos tempos.
Dispôs
o queijo à direita, a faca à esquerda, o pão mais atrás, a taça no centro e o
vinho na mão. Acompanhou delicadamente o levar até a mesa e sorriu ao vê-lo ali,
finalmente, depois de exatos 3652 dias, Basilicata estaria entre seus lábios.
Pegou
o saca-rolhas e, antes mesmo de encostar na garrafa, lembrou-se de todos os
momentos que teve para beber e não o fez. Primeiro foi quando seu filho nasceu,
um ano depois da viagem, estava prestes a abrir, mas preferiu manter a palavra.
6
meses depois, a conquista do campeonato inédito do seu time pedia também algo
diferente. E ele viu e reviu os lances da final bebendo um porto mesmo. Ah, mas
a promoção, 3 anos depois seria o motivo ideal. Nada, nem os 70% a mais no
salário seduziram o rapaz.
E
a vinda das gêmeas, as tão sonhadas gêmeas, dois anos mais tarde, coincidindo
com a primeira apresentação do moleque na escola, a alegria era tão
maravilhosa, tão especial, e era dezembro, tudo pedia um sabor diferente. Não.
Um
ano depois, quando as meninas começaram a andar e a falar no mesmo dia seria o
momento mágico para brindar tantas conquistas. E o carrão zero, um ano e meio
mais tarde então... Quis esquecer as mágoas com a morte do pai, quando o amigo
irmão o escutou chorando por horas, seis meses após o carro.
E
já fazia um ano que, quase todos os dias teve vontade de beber para esquecer as
brigas com a esposa. As ameaças de separação e finalmente o dia que ela levou o
moleque de 9 e as gêmeas de quase 5 para casa dos sogros.
Fazia
4 meses que estava só naquele apartamento e finalmente poderia saborear aquele
vinho. Mas ao abrir, ele pensou, ele olhou para tudo, escutou o silêncio pesado
de sua vida. Levantou-se da mesa e levou tudo consigo. Ficou quieto tomando uma
média com um chapeado na padaria, enquanto dois mendigos famintos devoravam
tudo. A garrafa do Anglicino del Taburno foi quebrada e furou o pneu daquele
Monza 85.
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