
E
foi isso que ficou martelando em sua cabeça enquanto seguia com o canudo para o
seu assento. A mãe não sobrevivera para ver aquilo, porém sorria e chorava
quando a menina entrou dizendo que havia passado.
No
segundo ano, assumiu as mensalidades e deixou a poupança se esvair em médicos e
tratamentos. De certa forma, todo o esforça em manter a qualidade boa do
produto se reverteu em algo bom à sua vida, ao menos prolongando para ver a
menina conseguir um estágio e financiar um automóvel.
Agradeceu
aos céus de nunca mais ter de andar de ônibus. E amava os presentes e mimos.
Mas não conseguiu aplaudir de perto a filha, que em mais dois anos fazia um MBA
e era promovida a gerente em outra cidade.
Não
casou. Não quis filhos nem cachorros ou gatos. Talvez aprendera a viver por uma
pessoa e agora aprendia a viver por si e para si.
Conheceu
todos os continentes, falava três idiomas, demorou dois dias inteiros para ver
todas as obras do Louvre e colocou na cabeça que moraria em Viena.
Quando
pulou de paraquedas, sentiu que era livre, bem como em todos os brinquedos da
Disney, riu como criança abraçada ao Mickey e chorou vendo o castelo da
Cinderela.
E
na volta de Toronto, relembrando tudo o que viveu e fez, ainda sentia que lhe
faltava algo, uma tarefa, um desafio ainda maior para se sentir completa.
Ao
chegar em casa, desfez a mala e não descansou.
Fez
uma bagunça, uma sujeira. Toda a organização de sua vida, arquivos,
investimentos e o legado profissional que servia de exemplo não estavam por lá.
Quase
três horas depois, exausta, sentou-se. Olhou bem para ela. Sorriu satisfeita e
curtiu sozinha aquela sensação de sucesso, porque teve certeza de que –
enquanto mastigava e saboreava - aprendera a fazer a melhor empada que comera
na sua vida.
Só para variar...adorei esse texto! Parabéns, Dri! Beijos
ResponderExcluirSó pra variar, você me dando apoio! Obrigado, Dri! Bjo.
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