
Treinou
por quase três semanas ininterruptas e pediu que o segredo ficasse entre elas. Sempre
gostava de merecer o presente, e teve a certeza de que se colocasse os pais a
ver as letras saindo-lhe das mãos, seria atendida.
Levou
a sério quando, sentada com o pai, vendo um medalhista no pódio, perguntou por
que ele estava lá, “porque ele fez por merecer”. E se correr como um louco,
coisa que ela fazia sempre, ele ganharia aquela medalha, uma frase, um pedido,
se caprichasse nas borboletas, seria o suficiente para ganhar seu cachorro.
Tentou
à exaustão escrever tal qual à letra firme da professora, mas a danada deveria
merecer um zoológico inteiro. Comparou as frases e sempre se esquecia do traço
em cima daquela letra barrigudinha.
Pediu
à mãe que, quando faltassem 4 dias para o aniversário dela, a lembrasse, pois havia um pedido a ser
feito. E tudo foi realizado. Depois do jantar. Ela pegou a pequena lousa,
firmou bem a mãozinha e escreveu na pior das caligrafias, porém na melhor das
intenções.
A
mãe teve de sair, porque não saberia explicar as lágrimas. O pai a abraçou
fortemente e também teve de se conter, quando ouviu se a medalha dela seria um
cachorro.
E
então, o pai a sentou no chão e disse que daria primeiro a ela uma rosa. E ela tinha
de plantar essa flor no jardim. E que, se em 4 dias a rosa continuasse viva,
ela ganharia o cachorro. Disse que teria de dar água à flor, atenção, cuidados
necessários para que não morresse. E só assim ela estaria pronta para cuidar de
um amigo mais intenso.
E
os três foram até o jardim. E a menina plantou a rosa e jogou as primeiras gotas
de água. E nos próximos dias, ao menos por um período, ela fez o que o pai
pediu. Saía para a escola e beijava a flor e pedia em silêncio para que ela não
morresse. E quando voltava da escola, sorria ao vê-la firme e linda.
E dava outro beijo nela. E o ritual se repetiu por 4 dias. Na manhã do seu aniversário,
ela correu para a janela e sorriu feliz ao saber que estava pronta.
Desceu
na ponta dos pés e notou o movimento fora da casa. Ouviu as vozes dos pais e
dos avós. Ouviu um latido e sorriu o sorriso mais luminoso desse mundo. Abriu a
porta e o filhote veio voando em sua direção. E ela rolou com ele pelo chão e
soube que aquele seria o melhor presente que teria na vida.
Um
dia talvez entenda a lição daquilo tudo. Não foi a flor, não foi a frase ou até
o seu amigo, foi ter a certeza de que sonhos se realizam porque realmente eles
existem.
Essa história me emocionou... =)
ResponderExcluirPois é, Dri, inteligência emocional é uma prática!
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