
Esperança
é colocar no outro o motivo de ser feliz.
Esperança
é como o futebol, deixa à vontade alheia dos jogadores a razão de seu sorriso.
E
se repararmos bem, a esperança está em todos os lugares. Esperança de o livro
novo do seu autor favorito ser bom, esperança de o filme iraniano mudar sua
vida.
Sem
contar no campo afetivo, em que a esperança se transforma no seu algoz, viramos
refém de uma situação que nos poda de qualquer previsão, ação ou destino.
A
esperança de um ano melhor, patético. A esperança de uma vida melhor, silêncio,
a esperança na humanidade...
Ter
esperança cansa.
Embalando
o assunto, lembrei-me de uma pequena história que endossa o meu fel e ratifica
a realidade.
Certa
vez uma menininha, fã de sorvete, passou a semana com a promessa de uma bola de
chocolate no parque. Dia quente, ele recebeu o doce de olhos e barriga
arregalados.
Pelo
clima, o sorvete começou a derreter, e a mãe sugeriu que ela o lambesse às
pressas para não escorrer pelas mãozinhas. Não se pode pedir a uma criança de 5
anos que distinga pressa de força. A língua lhe foi tão forte na bola que a
derrubou.
A
menina olhou incrédula para o sorvete no chão e depois desesperada para a mãe,
que, assim que viu a cena, repreendeu-a veemente e a tirou dali. A garota ficou
na esperança do bom-senso e vendo o chocolate ser devorado por abelhas.
O
que se pode aprender com isso? Talvez a esperança das abelhas seja mais eficaz.
Não
poderia terminar esse relato sem falar que ainda tenho esperanças de muita
coisa. Que não levem essa crônica tão a sério, porque, embalado pelas linhas de
Nelson Rodrigues, quis tentar saborear a pretensão de seguir sua sombra.
Esperança
de ser igual ao Anjo Pornográfico? Imagina, aí sim eu me sentaria com o
insucesso, saboreando um belo café amargo.
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