quinta-feira, 8 de novembro de 2012

BRINQUEDOS ESTRELA

Tinha crescido nos anos 80 e era apaixonado pelos brinquedos da época. Tão aficcionado que os mantinha intactos no seu quarto. Guardou as relíquias como se colocados numa redoma.

O que se podia imaginar de brinquedos a meninos da Estrela ele possuía. Ferrorama, Genius, Pula-Pirata etc. Ali era um museu. Filho único e quase sem amigos, fazia de si mesmo a melhor companhia nas brincadeiras.

Voltava do fabuloso emprego que tinha e ficava horas dentro do quarto, brincando, limpando, cuidando de suas manias e amigos. Alguns desconfiavam como um cara de aparência normal, inteligentíssimo, trilíngue, educado poderia ser solteiro.

Herdara dos pais o sobrado, reformara-o. Diziam alguns que ele tinha um segredo, um quarto só de segredos. Mas entre o certo e a imaginação, preferiam pensar ser sadomasoquista, pedófilo coisas desse nível. E era apenas alguém que se dedicava a esse passatempo.

Quem poderia desviá-lo desse ritual? Claro, uma mulher! E ela apareceu. Talentosa, gerente do setor financeiro, 32 anos, solteira, linda, inteligente. E tudo começou com um pequeno almoço de apresentação, que virou um drink de happy hour, um jantar depois do teatro, um lanche depois do cinema, um beijo depois do capuccino.

Queriam tentar se aproximar dela para ver se conseguiam descobrir se realmente o quarto existia, mas era arriscar demais e duplamente. As visitas ao quarto secreto tornaram-se menos frequentes, porém aconteciam. E nessa interação, ele conheceu a família, o irmão, os primos, sobrinhos.

Interagiu rápido com o cunhado, mesma idade e mesmos gostos. Naquela noite, ela quis conhecer a casa dele, e, óbvio, uma ponta de curiosidade se realmente havia um quarto dos segredos. Entraram. Enquanto ela foi ao banheiro, ele se preparou. Ao sair, foi convidada pelo namorado a desvendar os segredos tão escabrosos que poderiam habitar por lá.

E sorriu, sorriu como criança e teve a certeza de que tudo caminharia bem. Tudo nunca acabaria.

Não se pode precisar se ela contou a alguém. A dúvida sobre os três, agora, perturbava a empresa. Mas, sabe quando você tem a certeza de que aquilo era eterno?

Pois é, e era. Parece que o irmão dela tinha o helicóptero amarelo do Falcon. Raridades assim não aparecem junto a qualquer pessoa.

2 comentários:

  1. Isso é quase uma maçonaria. Descobrindo rituais secretos e que só podem ser transmitidos a iniciados.

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  2. A você, mestre, deixo minha assinatura com três pontinhos no final dela! - rs

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