
A avó disse que não só os ouvidos escutavam. Que o coração também escutava. E a menina mais do que rapidamente também refutou a ideia de as sementes terem coração. A avó optou em dizer que não só o coração escutava, que a alma também era uma boa ouvinte.
A garota sorriu satisfeita, certa de estar ganhando na discussão, e também falou que as sementes não tinham alma. A avó se calou resignada. Semanas depois, a menina entrou correndo para avisar que das sementes brotou uma linda muda, e a avó - enquanto cortava um pedaço do bolo - perguntou à neta se ela sabia por qual motivo a muda havia aparecido.
A menina fez uma expressão de deboche e disse que não poderia ser por causa dos ouvidos ou do coração ou da alma, pois sementes não os tinham. E a avó sorriu e perguntou: "não mesmo?". A garota reafirmou que não. A senhora sorriu de novo e indagou se a neta tinha ouvidos, a garota disse que sim, num tom enfadonho.
E a avó emendou: "então por que você não escutou nada do que eu disse naquele dia?". A neta disse que tinha escutado sim. "Se você tivesse escutado, não se surpreenderia com a muda que acabou de nascer ali. E ela vai crescer e vai ficar linda, cheia de vida".
À menina restou apenas a lição de que não adiantavam ouvidos, coração e alma se a música não fosse escutada.
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