sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A PRIMEIRA CEIA

Antonio Alves era um trabalhador clichê. Pai de 4, aos 53 anos, ainda sustentava os meninos, porque estava longe de ser menino quando se tornou pai. Levantava às 4h30, trabalhava das 8h às 17h e chegava em casa às 19h, cinco vezes na semana. Aos domingos, ia aos cultos e dedicava sua devoção a Deus, era honesto e seguia sua vida em retidão.

Numa manhã de inverno, enquanto o sol se atrasava, estava no ponto e viu o ônibus apontando, mas não viu os dois assaltantes se aproximarem. Tiraram tudo o que tinha, na mochila estava sua bíblia, ele implorou para não levarem e, num ímpeto de desespero, agarrou um dos bandidos, que o esfaqueou na barriga.

O ônibus parou e de lá desceram quatro pessoas, dois homens e duas mulheres, que não tardaram em chamar uma ambulância. Provavelmente perderiam o dia, mas optaram em ajudar Antonio. Quase uma hora depois, o Samu chegou e levou a vítima, seguida pelos três, num Uber. 

O hospital mais perto era um público, no entanto o atendimento foi rápido. Por sorte, que seja, o furo não foi tão profundo, rendendo-lhe uma semana de internação. Os filhos e a esposa correram para lá e o seguiram por toda sua recuperação. Assim como os quatro que o salvaram.

No dia de sua alta, a família estava ali, bem como o quarteto, que, numa vaquinha, comprou uma mochila nova, um celular novo e uma bíblia. Ele recebeu os presentes e beijou o livro sagrado. 

A vida seguiu e, dias depois, descobriu Antonio que uma das mulheres era católica, enquanto a outra era espírita. Um homem era umbandista e o outro, ateu. Um ano depois do acidente, resolveram celebrar o evento com um almoço, e quem pagou a conta foi Deus.  

Um comentário:

  1. Não importam o "seu Deus" e as suas crenças, importa o amor que você carrega dentro de si...me emocionei! hehe

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