Janete (Carolina Morgado) é casada com Brandão (Eduardo Moscovis), tenente coronel da PM, com seus desvios de comportamento e de caráter. Ela é a vítima clássica da violência doméstica, sofre abusos verbais e físicos, não tem a quem recorrer e sua autoestima inexiste. Vale ressaltar que o excelente roteiro, também com a assinatura dos autores, fica ainda melhor com a bela atuação de ambos atores.
Forçada a recrutar mulheres que chegam a SP, vindas do Maranhão - aliás uma rara falha na obra, que não esclarece por que isso - Janete aborda meninas entre 17 e 24 anos, oferecendo trabalho. Ela as convida até o carro, e aí Brandão ataca, deixando as moças inconscientes e as levando a um sítio, onde acontecem rituais sanguinários, também não explicados.
O tenente prende as meninas por ganchos, furando-lhes a pele e as erguendo (a cena me fez lembrar do ritual no longa UM HOMEM CHAMADO CAVALO, 1970, direção de Elliot Silverstein - no qual, para se tornar um membro da tribo, o americano é erguido por garras que lhe perfuram a pele). Janete, durante a tortura, é posta numa cadeira e tem sua cabeça coberta por uma caixa de madeira, tampando-lhe a visão.
Cansada dos abusos e depois de assistir a uma entrevista de Verônica (Tainá Muller) - que se [predispõe a ajudar mulheres que sofrem assédios e violência - ela a procura para denunciar o marido. A escrivã tem seus segredos e começa a desconfiar da entidade em que trabalha, o que acaba mexendo demais com sua vida pessoal, fazendo que o marido e os filhos fujam para um local mais seguro.
A semelhança da arte com a vida aqui é muito estreita, talvez por isso o sentimento de incômodo fique ainda mais evidente, porque provavelmente você deva encaixar alguém na pele de Janete, alguém muito próximo, uma parente, uma vizinha. E não é exagero meu dizer que sua noite de sono pode ficar um pouco mais atribulada.
Longas que exploram a realidade sempre são mais densos e poucos previsíveis, aliás é isso o que não falta na série, cujas surpresas se renovam de modo constante. Fica aqui a dica de um excelente trabalho. Há tempos o Brasil vem se firmando em produzir séries excelentes, Bom dia, Verônica é um exemplo típico de como os talentos nacionais vêm sendo produzidos. Ainda bem!
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