quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

PRAZERES INEXPLICÁVEIS

Talvez tenha sido durante a tarde, de repente havia se lembrado que havia algo especial em sua casa. Um motivo diferente para trazê-lo o quanto antes de volta. Sorriu. Mas imediatamente se lembrou do happy-hour confirmado há uma semana com os amigos.

“Droga”, pensou. Ok, o bar ficava na Paulista, o local tinha boa música, bem frequentado, até a menina do RH, a mesma do sorriso fácil estaria lá, até pensou numa esticada, porém havia algo que o levava mais cedo para casa.

No meio da tarde, começou a tentar esboçar uma desculpa. Uma tia doente, uma dor de barriga inesperada, entretanto, mesmo que a unha encravada do irmão do tio-avô do vizinho fosse real, percebeu que teria de ir. Decidiu levantar e passar perto do RH, o sorriso estava lá e resolveu arriscar.

Faltando uma hora para sair, as mensagens começaram a pipocar em sua tela. Os 5 envolvidos começavam a pipocar na sua tela, e sua mente começava a pipocar para casa, ir ou não, ficar ou não. Queria ir, mas a encheção seria tamanha que decidiu ficar, pensou no sorriso de novo.

18h e todos estavam à espera dele. Levantou-se numa vontade imensa que fez todos murcharem. Achou-se egoísta, fiz uma brincadeira e os sorrisos reapareceram. Seguiram para o mesmo bar de todas as quintas, sentaram na mesma mesa de todas as quintas, foram servidos pelo mesmo garçom de todas as quintas e fizeram quase as mesmas piadas de todas as quintas.

Até que a menina do RH veio com mais algumas amigas e aumentaram os lugares. Até aqui não tinha pensado em ir embora, mas, de repente, quis realmente seguir em frente, principalmente quando viu que o sorriso solto da menina se engraçando a outro de outra mesa.

Não quis comer os petiscos, estava com o pensamento fixo. Minutos depois, inventou uma dor de cabeça repentina e sorriu, vendo que conseguia se desvencilhar de todos de lá. Nem mesmo os 15 reais de troco, que devia ter levado, foram empecilho para ficar.

E, como um alívio, estava fora, atravessou correndo a rua. Mal cumprimentou o porteiro da noite e desceu até o segundo subsolo. Entrou voando no carro e sorria quando saiu do prédio.

Conhecia um atalho ótimo para aquele horário e sorriu ainda mais quando percebeu que fez a coisa certa, porque todos os caminhos o levavam para casa, todos os faróis estavam verdes. Casa. Casa. Casa.

Estacionou. Enquanto o portão descia, ele abria a porta, ansioso, suando já. Mal devolveu o gracejo do pug que fazia festa a ele. Decidiu pegá-lo no colo e, recebendo lambidas no rosto, foi até a cozinha. Largou o bicho lá, que sentou.

Nem pensou, o sorriso estava ainda maior, não crendo que conseguiria. Abriu o forno e a o papelão redondo estava lá. Salivou copiosamente. Num ímpeto, puxou a forma para si. Colocou-a no tampão de vidro e abriu.

"Comi os dois últimos pedaços, irmãozinho!” – leu enquanto rangia os dentes.

 Alugou uma quitinete um mês depois. E antes de chegar a mudança, burlou uma quinta-feira para devorar os 4 últimos pedaços que deixou propositadamente para o dia seguinte.  Existem coisas que não se explicam, comer pizza fria do dia anterior é um prazer que somente quem aprecia a vida sabe que realmente não existe explicação... Sublime.
 
Claro, Sansão, o pug preto, se deliciou com as 4 beiradas que lhe restaram.

 

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