
“Droga”,
pensou. Ok, o bar ficava na Paulista, o local tinha boa música, bem frequentado,
até a menina do RH, a mesma do sorriso fácil estaria lá, até pensou numa
esticada, porém havia algo que o levava mais cedo para casa.
No
meio da tarde, começou a tentar esboçar uma desculpa. Uma tia doente, uma dor
de barriga inesperada, entretanto, mesmo que a unha encravada do irmão do
tio-avô do vizinho fosse real, percebeu que teria de ir. Decidiu levantar e
passar perto do RH, o sorriso estava lá e resolveu arriscar.
Faltando
uma hora para sair, as mensagens começaram a pipocar em sua tela. Os 5
envolvidos começavam a pipocar na sua tela, e sua mente começava a pipocar para
casa, ir ou não, ficar ou não. Queria ir, mas a encheção seria tamanha que
decidiu ficar, pensou no sorriso de novo.
18h
e todos estavam à espera dele. Levantou-se numa vontade imensa que fez todos
murcharem. Achou-se egoísta, fiz uma brincadeira e os sorrisos reapareceram.
Seguiram para o mesmo bar de todas as quintas, sentaram na mesma mesa de todas
as quintas, foram servidos pelo mesmo garçom de todas as quintas e fizeram
quase as mesmas piadas de todas as quintas.
Até
que a menina do RH veio com mais algumas amigas e aumentaram os lugares. Até
aqui não tinha pensado em ir embora, mas, de repente, quis realmente seguir em
frente, principalmente quando viu que o sorriso solto da menina se engraçando a
outro de outra mesa.
Não
quis comer os petiscos, estava com o pensamento fixo. Minutos depois, inventou
uma dor de cabeça repentina e sorriu, vendo que conseguia se desvencilhar de
todos de lá. Nem mesmo os 15 reais de troco, que devia ter levado, foram
empecilho para ficar.
E,
como um alívio, estava fora, atravessou correndo a rua. Mal cumprimentou o
porteiro da noite e desceu até o segundo subsolo. Entrou voando no carro e
sorria quando saiu do prédio.
Conhecia
um atalho ótimo para aquele horário e sorriu ainda mais quando percebeu que fez
a coisa certa, porque todos os caminhos o levavam para casa, todos os faróis
estavam verdes. Casa. Casa. Casa.
Estacionou.
Enquanto o portão descia, ele abria a porta, ansioso, suando já. Mal devolveu o
gracejo do pug que fazia festa a ele. Decidiu pegá-lo no colo e, recebendo
lambidas no rosto, foi até a cozinha. Largou o bicho lá, que sentou.
Nem
pensou, o sorriso estava ainda maior, não crendo que conseguiria. Abriu o forno
e a o papelão redondo estava lá. Salivou copiosamente. Num ímpeto, puxou a
forma para si. Colocou-a no tampão de vidro e abriu.
"Comi
os dois últimos pedaços, irmãozinho!” – leu enquanto rangia os dentes.
Claro, Sansão, o pug preto, se deliciou com as 4 beiradas que lhe restaram.
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