quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O DIA QUE NÃO FUI JOHN MCENROE!

Como qualquer garoto que viveu os anos 80, cresci jogando bola na rua. Às vezes o vôlei aparecia com a geração prata, mas o futebol prevaleceu. Entretanto, no começo dos anos 90, um fato, ou melhor, um esporte inusitado começava a ganhar meu passatempo: o tênis.

Um vizinho meu apareceu com uma raquete de madeira, à John Mcenroe, e duas bolinhas. Não me lembro como, mas uma segunda raquete estava por ali. A velha rede de vôlei foi desenterrada e posta rente ao chão.

Riscamos a rua com tijolo, tal qual nos dias de “contra” no futebol. E o primeiro saque foi dado. Lembro que quando consegui rebater a bolinha foi uma adrenalina única. Uma espécie de endorfina com fogo. Os olhos vidraram e os jogos começaram a ser mais comuns.

Aos sábados domingos, os marmanjos da rua, já com suas namoradas já se tornavam menos presentes, o que deixava aos dois e a quem mais por lá estivesse dividir raquetadas e risadas. Porém a competição começava a ficar menos engraçada. E os jogos mais longos.

Um amigo de faculdade do meu irmão, certa vez apareceu aqui e viu o jogo, amou participar. Sócio da Portuguesa, disse que podíamos jogar lá. Não éramos sócios, e o bizarro tinha de ser feito. Entrávamos escondidos no porta-malas, todas as noites de terça-feira. Fizemos duplas, amigos e por lá ficávamos.

4 meses depois, apareceu um campeonato interno de duplas. A essa altura, as raquetes eram melhores, a agilidade de amadores estava fora. Os saques eram mais certeiros e potentes. Não éramos mais duplas comuns. Os olhos sempre estavam em nós. Quem diria, um adolescente suburbano num esporte de elite e se destacando.

Campeonato. Sábado. Graças à falta de organização do clube e à nossa sorte, conseguimos nos inscrever. Jogo às 13h, novembro de 1991. Sol forte. Eu e meu parceiro mais do que preparados. Uniformes novos, Gatorades nas mochilas e a confiança de um bom jogo.

A dupla adversária não era de nosso meio, treinava durante as tardes, então não a conhecíamos. Os cabelos brancos nos deixaram mais animados. Uns 50 anos cada um, não poderiam meter medo num garoto de 18 e no outro de 17. Cumprimentamo-nos. Plateia boa. Os parceiros das terças à noite estavam lá, incentivando. Saque nosso. Ace. E três bolas depois, um set a zero.

Saque deles, 4 aces, e o relato termina aqui. Foi um baile. Talvez tenha sido o calor, talvez tenha sido o nervosismo. Talvez tenha sido sorte. Mas sei que naquele dia eu saí com uma dúvida, não sei o que foi pior: se a surra que tomamos no jogo ou ter de sair fedido e cansado dentro do porta-malas daquele Fiat Prêmio branco.

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