quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A MALDIÇÃO DO PÊNALTI

A hora do pênalti é uma obra de Torquemada. É a inquisição de chuteiras. Tanto para quem bate como para quem defende. Dependendo do clima, vale uma morte, vale uma vida. Vale uma glória ou uma aposentadoria.

O jogo não era lá decisivo, mas o time da casa estava ganhando por 1 a 0, os pontos os colocariam em primeiro na tabela. Sábado quente, noite promissora. E todos que amam futebol sabem quão delicioso é curtir uma noite de sábado dormindo líder e sabendo que nenhum resultado do dia seguinte influenciará nas classificações.

Aos 42 minutos do segundo tempo, a falta foi indiscutível. O atacante entrou na área e o zagueirão, atrasado, entrou de carrinho, levando grama, a cal e a perna do cara. Talvez tenha sido o calor, talvez tenha sido a exaustão ou o fato, ninguém reclamou. Só restou ao adversário comemorar e aos da casa ficarem de mãos na cintura.

Via-se o derreter do clima ao longe. Os sorvetes tinham acabado, as bebidas também, torcedores do estádio todo só fizeram esperar. Tensão. Bola na marca, juiz apita e o goleiro defende.

Êxtase. A arquibancada vem abaixo. Mas a invasão coloca de novo a falta a ser cobrada. Dessa vez nem o calor impediu coisa alguma, empurra-empurra, confusão, mais de cinco minutos de burburinho. Juiz pra lá, juiz pra cá. E mais uma vez a cobrança seria feita.

Juiz apita. E mais uma vez o goleiro defende. Pênalti defendido é como um gol ao contrário. Êxtase. E não é que os colhões daquele árbitro eram de ferro. Invasão de novo, cobrança anulada, e dessa vez até a polícia teve de intervir. O alambrado era quase mordido. Fúria. Olhos vidrados, uma baderna instaurada. Um caos.

Mais confusão. Os olhos a um simples jogo já arrecadavam o mundo. Internet, redes sociais, imprensa. E o pior era que a regra era clara. Respeitá-las no futebol pode ser um inferno e foi. Quando a displicência impera, a seriedade tem um adversário quase que instransponível.

Guerra, socos, três expulsões e 20 minutos depois, pela terceira vez, o pênalti seria batido. Com 8 jogadores, e faltando ainda os 3 minutos para o término, se o time tomasse o gol, seria uma retranca absurda para não tomar a virada.

Ânimos menos exaltados. Atacante esperando. Bola nas mãos do goleiro, que se dirige à marca da cal. E o improvável acontece. Antes de dar a bola ao atacante, como num tiro de meta, ele mira e, num potente chute, a acerta no rosto do juiz, que cai desmaiado. Se a quarta cobrança foi feita, nunca saberemos, mas fica a filosofia do número 1 ao ver o alvo nocauteado:

- Anula o próximo também, filho da puta!

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