sexta-feira, 5 de outubro de 2012

CONAN JR.

Na aula de inglês, em plena atividade de fala, os alunos estavam repetindo a pronúncia das palavras. E sempre chega a hora da tortura, quando cada um tem de fazer um solo, interpretando as personagens na conversação do livro.

Professor ouvindo as vozes trêmulas, corrigindo cada pronúncia. Chega a vez de um adolescente marrento. Ele se nega a cumprir os pedidos do teacher. Pacientemente, ele pede mais uma vez que o menino aja como os demais, porém, de um modo mais ofensivo, ele se nega.

Depois de mais um pedido e de mais uma negação, o professor pede que ele se retire da sala, porque se não fosse para fazer valer o investimento dos pais, que se retirasse. Ele se nega de modo quase bárbaro. O lente não tem outra saída.

- Não sai você, saímos nós.

E o deixa lá, quase como num castigo e numa situação constrangedora. Todos se levantam empolgados com a coragem do educador e com a empáfia do rebelde.

No dia seguinte, o pai, de aproximadamente 2,10 está na coordenação querendo saber quem foi o professor que teve a coragem de fazer aquilo com o filho.

Quando a coordenador aponta a mim, sorrindo, tentei pensar numa boa explicação nas entrevistas em outras escolas para o olho roxo. Quanto mais se aproximava, mais crescia - uma espécie de Conan de regatas. Ele chegou perto, olhou-me, estendeu a mão e disse:

- Obrigado, professor, e parabéns por mostrar que ainda se exige respeito aos mais sábios!

Eu não tive reação, senti vontade de abraçar o cara por me livrar do desemprego e da surra, mas esse foi um dos motivos que me disseram estar no caminho certo.

2 comentários:

  1. Você teve sorte, hoje em dia é triste ver como os pais não só dão apoio ao filho como também ameaçam e agridem os professores! E mais tarde, os filhos agem como os pais...

    ResponderExcluir
  2. Dri, você tem razão! Espero que esse menino tenha aprendido a lição duplamente e que os filhos dele também ajam da mesma forma, and on and on and on!

    ResponderExcluir