quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

OUÇA SEMPRE SUA INTUIÇÃO

Dentre todos os clichês sobre relações humanas, genro e sogra estão num patamar quase que intocável. Não tenho aqui o intuito de endossar os fatos ou as lendas, mas apareço com a apenas a intenção de dividir histórias.

O casal estava junto há 2 anos. Estabilizados com as contas da festa de casamento a lua de mel e tudo que vem com o evento, decidiram reformar o apartamento da avó dele, presente do filho. Os sogros dela moravam no interior. A mãe dela, no mesmo bairro.

Como todas as economias iriam para cimentos, azulejos e afins, a coerência pedia que fossem para a casa da mãe dela, que morava sozinha num  sobrado de 4 quartos.

Ele não queria ir.

A moça insistiu e provou, de modo correto e sensato, porque era o correto e o sensato a serem feitos – que a única solução a tudo seriam os 4 meses na casa da mãe. Mulher jovem ainda, 45 anos, viúva de um militar de alta patente, amante de livros e cinema.

Ele não queria ir.

Não se carece de muita ciência ou curiosidade para saber o resultado da investida. Levaram dois dias para se ajeitarem em um dos quartos, com as roupas e algo mais.

Foram recebidos com o sorriso largo, simpático e doce da sogra. Talvez fosse loucura da mente dele, talvez apenas quisesse endossar o relacionamento entre genro e sogra ou talvez fosse apenas um capricho, algo não estava certo.

Ele não queria ir.

Na primeira semana, ele tentava ao máximo evitar a sogra pelos corredores ou na volta do trabalho. Sabia que ela saía muito e tentava não esbarrar com ela sem ser nos fins de semana. Conseguiu.

Os almoços eram inevitáveis, mas teve de concordar com a esposa de que tudo estava saindo bem. Muito bem. Os boatos dos amantes da mulher pelo bairro não se concretizaram, e o casal conseguia evitar e não comprovar isso

Num fim de tarde, a filha, ainda estagiária e recém-formada, chegou mais cedo e escutou os suspiros da mãe no quarto. Desejou morrer com isso, encarar que a mãe era gente também deve ser uma das piores realidades do mundo. Mas era.

Ela tinha de subir e escutou do meio da escada os urros. Decidiu voltar e seguir pra cozinha. E esperaria por lá até as coisas se acalmarem ou se dissiparem. Ouviu a porta do quarto abrir e a mãe falar: “Não, vá você, desça você e me traga aquele vinho”.

Uma voz abafada não foi ouvida direito, mas estava claro que o impasse de quem desceria era evidente. “Não, querido, desça você, vou ao banho e me traga aquele vinho!”.

O impasse estava feito, os passos foram rápidos. Se ela saísse da cozinha, cruzaria com o cara no meio da sala ou na ponta da escada. Decidiu ficar lá e dizer um “boa tarde” despretensioso.

E se encerra aqui mais uma história pela vergonha alheia. Era fato, ele avisou, ele não queria ir.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário