terça-feira, 3 de setembro de 2013

NIETZSCHE OU ROUSSEAU? ROCKY BALBOA!

Não sei se é um desvio de comportamento aos mais intelectuais, mas sempre achei, desde a adolescência, e sempre vou achar que Rocky Balboa é um mito. Tal filosofia não pede agora uma justificativa, porém serve como pano de fundo ao texto de hoje.

Assistindo pela enésima vez ao sexto filme da série, em uma determinada cena, Balboa e o filho de uma amiga estão num abrigo a cães, escolhendo um para ser adotado. Stallone para em frente a um simpático vira-lata, que se mostra imóvel. O ex-lutador está propenso a pegá-lo, mas o rapaz diz que o bicho parece quase morto, pois não se mexe.

O Garanhão Italiano retifica, dizendo que o cãozinho não está quase morto, senão economizando energia a algo grandioso, uma perfeita alusão à personagem da Filadélfia, famosa pela paciência e persistência, características fundamentais para as conquistas que teve no boxe.

Vi e revi essa cena, no entanto somente agora ela me ajudou a lembrar um fato que presenciei anos atrás numa sala de aula. Lecionava Inglês para pessoas que prestariam concursos públicos e, em 2003, havia um rapaz que se sentava no fundo da sala.

Eram 10 encontros. E em todos esses 10 encontros, ele dormia a aula toda. Virou piada. Muitos alunos brincavam, pedindo pra eu falar baixo, senão o rapaz acordaria. Confesso que rebatia meio intrigado, e por que não com parte do orgulho ferido, teimando em afirmar que minha aula era dinâmica demais para provocar sono em alguém: imaturidade acadêmica.

Ao término desses 10 encontros, havia uma aula de revisão, na qual exercícios e dúvidas eram sanados para se ratificar o aprendizado. E, nesse dia, o rapaz estava acordado, e também virou piada entre todos, porque 90% das dúvidas da sala, foi ele quem tirou.

A conclusão de todos foi unânime: o aluno tinha de recuperar todos os encontros num só. Pois bem, entrei no embalo, houve quem reclamasse que só o dorminhoco perguntava, mas endossei: "vou aproveitar que ele está acordado".

Naquele ano, uns 5 meses depois, houve o concurso para a Receita Federal. Havia uns 90 alunos naquela sala, e apenas um deles passou: o soneca. E melhor, ou pior, gabaritando Inglês, acertou as dez questões da prova.

Havia um jornal mensal do curso, sempre com questões que envolviam o mundo dos barnabés, dicas, depoimentos etc. E o daquele mês traria a entrevista do coordenador com o concursado. Eu me encontrei com o aluno na coordenação naquele dia e tinha de perguntar, sanar a dúvida de todos: "Como alguém que dormiu o curso todo conseguiu se sair tão bem numa prova pesada como a que a ESAF desenvolve?".

Ele foi direto: "Adriano, nunca dormi na sua aula, ela era dinâmica demais pra isso. Ouvia tudo o que você falava em sala, gravei todas as aulas. Minha concentração é melhor com olhos fechados, assim eu economizo energia".

Mais uma vez, ratifico que, dentre todos os pensadores e filósofos do mundo, Rocky Balboa acaba sendo um dos maiores mitos de todos os tempos.


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