quarta-feira, 24 de setembro de 2014

MEU MUNDO PARALELO! (clique no link no fim do texto e leia com a música)

Não sei se todos têm uma música que faça a realidade sumir e sejam transportados para algum lugar que só exista na imaginação, um lugar aconchegante, seguro e único.

Essa mescla de som e sentimento deveria ser uma obrigação a qualquer indivíduo como fonte de renovação, como prazo de recuperação, uma quarentena forçada a momentos difíceis. Torço para que os que me leem entendam e saibam isso.

Não sou melhor que ninguém por ter a melodia e meus lugares, mas consigo me lembrar muito bem o momento exato quando tudo se firmou.

1978, eu com 5 anos. Tínhamos parentes no interior de São Paulo e costumávamos viajar a Rio Claro com uma certa frequência. Lembro dessa data em especial. Estávamos na rodovia Anhanguera, com trema ainda na época. Os 5 na Brasília bege do meu pai.

Adorava o ronco daquele motor, uma espécie de fusca turbinado. Sempre tive o hábito de ir na janela, olhando os céus. Aliás, amava sair tarde à noite da casa de alguém que morasse longe, só para ver as ruas desertas da capital e me sentir protegido dentro daquele carro.

Era comum, quando chovia, ver qual pingo chegaria mais rápido com a velocidade do vento à outra extremidade do vidro. Ou ainda tentar adivinhar onde estava apenas olhando os fios dos postes e o topo dos prédios que meus olhos alcançassem. Até hoje olho as ruas molhadas à noite para ver as luzes refletidas... Mágico!

Mas o clichê maior era imaginar figuras nas nuvens. Apenas anos mais tarde fui saber que, além das formas, elas tinham nomes. Cumulus, Congestus, Stratus, Nimbostratus etc. Porém eu ainda prefiro nomeá-las com leões ferozes, palhaços tristes ou cavaleiros destemidos.

E foi numa viagem dessas, em 1978, vendo uma linda árvore no céu, num entardecer majestoso, que escutei aquela melodia na fita K7 do meu pai. Da trilha sonora de Dancin’ Days, escutei aquele acorde de guitarra, quase uma cítara, trazendo suavidade.

A voz de Phil Collins apareceu como seda e fui transportado pela primeira vez ao meu mundo paralelo. Um lugar único, indescritível. Ou melhor, eu poderia fazê-lo, mas ninguém conseguiria entender. Fiquei em choque e devo ter sorrido.

Lembro que quando a música terminou, pedi para que meu pai a colocasse de novo. E hoje, todas as vezes que eu a escuto, é para esse lugar que me dirijo.

Com a tecnologia atual, poderia baixá-la em meu Ipod, mas prefiro, como naquele dia de 1978, que ela apareça de surpresa em minha vida.

Ela é minha ponte ao meu mundo, entretanto tenho certeza de que você não conseguirá enxergá-lo. Assim como jamais me atreverei a vislumbrar o seu.


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