sábado, 2 de novembro de 2013

AS ÚLTIMAS FÉRIAS DE UM MENINO


Férias na casa da avó eram inesquecíveis. Sempre foram. Desde os 8 anos. Bolinho de chuva, mimos, dormir na rede, uma fazenda antiquada e aconchegante. Casa na árvore, colchão de molas e lareira.

Mas naquele ano algo estava diferente. As travessas de bolinhos aumentaram, os pés já não cabiam mais na cama nem ele mais no colo dela e mal conseguia ficar em pé na casa da árvore. Os 14 anos eram diferentes, o horário do TV trazia outra programação.

As caminhadas ficavam mais longas, o silêncio o seguia como sombra. Outras trilhas apareceram e levaram a itinerários bem mais coloridos. Nunca soube que havia uma cachoeira perto de lá. Não soube pensar se aparecera de um ano pra cá ou se seus olhos procuravam algo que nunca olhou.

Acreditou que estava no meio da divagação quando ela apareceu. Teve apenas tempo de se esconder. Viu que estava nua porque as roupas se amontoavam numa pedra. Sentiu vontade de entrar também na água, de perguntar seu nome. Mas preferiu a segurança.

Ficou parado lá vendo cada braçada, cada mergulho. Era linda. Sentiu que a amou naquele momento, porque nunca vira sol iluminar algo tão bonito. Sorriu.

Mexia apenas o olhar e descobriu algo mais doce que as delícias que saíam do forno da sua avó. E teve a certeza disso quando ela saiu da água...

Mesmo que não a tenha seguido, mesmo que no ano seguinte ela não tenha voltado a nadar e mesmo que não teve a certeza se realmente ela existiu, nunca mais seria diferente, inesquecível, porque não se pode esquecer a melhor redação que fez sobre as férias que passou.

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