sábado, 25 de agosto de 2012

SONHOS DE UMA NOITE DE VERÃO

No fim dos anos 80, apareceu em minhas mãos AMOR, de Léo Buscaglia, livro que, entre tantas mensagens, trazia também a história de um vilarejo que se acabou em chamas numa noite de verão.

Diziam que as pessoas se esforçavam para salvar o que de mais valioso possuíam. Televisões, máquinas de lavar e geladeiras se amontoavam, para alívio quase geral.

Apenas 3 ou mais pessoas conseguiriam salvar todos os livros. O narrador endossou que ninguém sabia quem eram, pois a fuligem e as queimaduras desfiguraram os rostos desse pequeno grupo.

O que isso teria a ver comigo?

Em meados dos anos 90, eu trabalhava numa empresa multinacional – uma franquia educacional japonesa -  criando materiais didáticos. Lembro que tive de ceder a eles mais de 1200 histórias. Foram 3 livros de alfabetização e o último sobre análises literárias. De Albert Camus a Ziraldo, essas 4 produções me custaram 6 anos mergulhado em clássicos mundiais e em mais de 2.000 livros infantis.
 
E, hoje, 16 anos depois - saber que mais de 40 mil crianças se alfabetizaram pelas minhas letras e concluíram o curso lendo Gil Vicente, Cervantes, Shakespeare, Rousseau, Vergílio - posso me dar conta das doces cicatrizes que as chamas me deixaram naquela noite quente e inesquecível.

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