Minha professora de Redação
sabia de minha predileção a histórias e criações e me convidou a participar de
um concurso literário, premiação: publicação do livro e uma viagem à Europa.
Regulamento: 50 páginas – e eu tinha apenas três meses.
Trabalhava das 8h às 18h e
estudava até 23h. Sobravam as horas de sono para me dedicar à criação, que foi
dividida em duas partes: redigia de madrugada e, no dia seguinte – uma hora
antes – passava tudo ao computador do trabalho, salvando o livro num saudoso
disquete.
1h da manhã de uma
quinta-feira. Escrevendo na cozinha, meu pai aparece, voz de travesseiro, e fica
indignado com minha justificativa para estar acordado àquela hora:
![]() |
Prêmio Teresa Martin, 1998 |
- Filho, deixa disso, vai
dormir, amanhã você trabalha... Esse passatempo pode ser feito num sábado...
Razão falando alto, mas nem
sempre somos obedientes. Encurtando, dois dias antes do término do concurso,
mandei 3 originais, como de praxe.
8 meses depois, o telefone
toca em minha mesa. Eram 14h, de um dia de julho de 1998: entre 400 candidatos,
por unanimidade, ganhei a publicação do livro e a viagem à Europa!
Graças ao meu pai, ganhei uma
força a mais pra escrever. E, pelo sarcasmo dessa vida, era a voz dele que estava do outro
lado da linha.