terça-feira, 5 de dezembro de 2017

OS EVENTOS NA AGENDA

Mateus adorava dezembro. Adorava as decorações de natal, o clima de festa, o corre-corre desenfreado dos atrasados, o forfé intempestivo e intermitente das ruas, das lojas. Seu humor mudava. Naquele ano, ele resolveu fazer diferente, decidiu deixar a solidão de anos de lado e fazer as comemorações natalinas em sua casa.

Remexeu em suas redes sociais, e-mails e contatos do whatsapp. Respondeu a mensagens não respondidas e fez o convite. Comentou fotos em que fora marcado e fez o convite. Finalmente aceitou amizades há meses à sua espera e fez o convite. Pelas contas, umas 30 pessoas , entre familiares e amigos, foram convidadas.

Elaborou com perfeição a distribuição de tudo e pediu que confirmassem a presença até uma semana antes do evento. Estava feliz, sentiu-se diferente, tinha sido um ano bom, fora promovido, comprara um novo apartamento, trocara de carro, tinha coisas a dividir e estava disposto a escutar.

E Mateus, de tão ausente, sentiu-se culpado, nada melhor que o Natal para reatar amores antigos. Duas semanas depois, alguns confirmaram que não iriam, tinham outros planos, no entanto mais da metade ainda não havia se pronunciado.

Tinha uns 10 dez dias ainda para obter êxito em sua intenção. Porém algumas mensagens não foram respondidas, mesmo nas fotos em que fora marcado e não se conformava com o silêncio de todos. Logo naquele ano, em que tinha tanto a falar e a dividir. Ficou decepcionado, revoltado, fez-se de vítima e passou o dia 24 de dezembro assistindo a um filme antigo qualquer.

Mateus ainda não sabe que o protocolo fora cumprido e também que, ainda que Cristo opere milagres, seria injusto demais jogar a Ele responsabilidades como aquela. Talvez na Páscoa, quem sabe, uma nova tentativa, um novo convite, mas isto o homem deixaria para quando abril se aproximasse. 

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