terça-feira, 19 de julho de 2016

COM QUE ROUPA EU VOU?


Eva no divã, porque não tinha um closet nem amigas para exibi-lo. Não entram aqui os acessórios, que acabam se tornando roupas também, como bolsas, sapatos, cintas, colares, anéis etc. Para nós, homens, as roupas se resumem a calças, camisetas, bermudas, chinelos. 

Já para o sexo oposto, melhor nem começar. Já tentaram ler rapidamente tailleur e talharim? Você não consegue diferenciar, porém as mulheres sabem bem a diferença entre roxo, violeta, berinjela e fúcsia, que sei que existe pelo relato que está por vir.


E que moda é essa de se criarem cores? E, se você pergunta o que é uma cor berinjela, a indignação delas será maior que a que veio junto à sua pergunta. Por isso não existem garotas que sejam daltônicas, seria como a cegueira aos homens. E fato: mulheres sem arrumam para outras mulheres. Isso é lógico.


A questão é o seguinte, havia uma festa de amigos de infância dela. O acontecimento do ano, porque todo ano havia um. Aquele era o vigésimo encontro, mas, ao longo do ano houve casamentos, festinhas, foi quando ele se deparou com uma planilha de excell, com nomes de mulheres e roupas que estas já tinha visto a garota vestindo, cores, estilos. Depois dessa matemática toda, tinha uma tarefa naquele sábado à tarde: encontrar um vestido fúcsia.

Confessaria que para ele fúcsia era uma marca nova de roupas. Mas como o silêncio é uma bênção, aprendeu que era um vestido roxo, quer dizer, violeta, ou melhor, berinjela: fúcsia. E a festa seria numa mansão do pai da garota, banda ao vivo de Beatles cover, coisa boa. A vestimenta dele era algo bem elaborado: jeans, camiseta descolada e um sapatênis, porém ela precisava de um vestido fúcsia.

Nem é preciso falar que depois de algumas lojas e horas, encontraram o avatar em uma trigésima tentativa e sem almoço. Já repararam como a fome delas some quando a roupa está em destaque, devem se alimentar de calças, saias, echarpes? Nem adianta o bico, porque o que poderia aparecer se o objetivo não fosse alcançado seria o armagedon.

Enfim, acharam o prêmio, disse a moça que vendera o penúltimo há duas horas. Nessa hora, torceu para que o outro atormentado tivesse passado por algo melhor, homens são solidários em tudo. E aí, o sorriso dela apareceu, junto às 15h daquele sábado quente. E como 400 reais são nada ante um objetivo. Para ela, o vestido era mais saboroso que aquele hambúrguer de picanha de 300 gramas.

Não comeu. Tomou uma água com gás e saíram.  O rapaz a pegou às 22h, ia já preparado para dizer que aquele vestido roxo, ops, fúcsia caíra muito bem. Protocolos feitos, chegaram ao bairro nobre. Serviço de vauchet, mansão toda iluminada. E o desfile começou, os homens sempre na sombra e as meninas medindo as amigas e cada uma tendo a certeza de que estavam melhores do que todas. E a garota de violeta, ops, fúcsia, estava linda, roubou a cena mesmo.

Porém aqueles bolinhos de queijo foram mais chamativos. Mas não tão chamativos quando a dona da festa apareceu, sim, a mesma dona do penúltimo vestido vendido. Foram duas comissões da vendedora, agora se entende o sorriso largo dela, o mesmo sorriso que sumiu assim que as duas se cruzaram e o mesmo sorriso que estampou o rosto de todas as amigas de infância dela.

O namorado foi arrastado para fora da festa, mal conheceu o pessoal, 400 reais foram queimados, um evento que se findava, um vestido amaldiçoado, um caminho de reclamações, e ele terminou em frente ao TV, comendo uma pizza fria, que sobrou de casa. A festa, apenas escutou do carro: “You say goodbye and I say hello”.

4 comentários:

  1. Professor, confesso que desconhecia a tal fucsia.
    A parte que mais amedronta é o poder do verbo na frase:" ...porém ela precisava de um vestido fucsia."
    Excelente, como sempre.

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  2. Realmente a minha fome some quando estou comprando, assim como a sede e a noção de tempo rs. E que trauma é ir a algum lugar e ver outra pessoa com a mesma roupa. Pesadelo de toda mulher. hehe

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