quarta-feira, 5 de março de 2014

MEU TRAUMA DE PROVADORES...

Quando um menino está na barriga da mãe, jamais pode pensar quais aventuras o esperam, quais experiências farão sombra a ele, viagens e coisas surreais: mulheres. E já começamos com a mais ensandecida delas, nossas mães. Só quem é homem e teve mãe sabe o que é isso. Elas podem nos moldar, elas podem nos controlar, ficar para sempre em nossas mentes, elas podem nos amedrontar, querem saber aonde vamos, com quem estamos.

Agora, um minuto. Perceberam que mães, namoradas e esposas são iguais, os exemplos acima são genéricos, eles se encaixam em qualquer título. Já começamos com um estágio e com certeza somos péssimos, péssimos. Se todos têm uma história sobre mulheres, colocar “mães” e “embaraçoso” na mesma linha, ainda que não haja rima, são café e leite, pão e manteiga.

Aqui não entrarão situações em que você está no meio do futebol, e ela aparece com o Nescau batido ou quando o chama de apelidos caseiros na frente de todos. Elas podem ser eternas, colocarem traumas perdulários. Dentre muitas coisas que acontecerão aqui, apenas alguns controles serão ditos. O dia em que fiquei TRAUMATIZADO POR PROVADORES DE ROUPAS...

Por razões que não cabem aqui, estavam os 4 a caminho de calças ao caçula. A mãe, os gêmeos e o mais velho. São raras as vezes em que podemos pontuar o início de um trauma, aproveitemos. Quando se fala de trauma, já não bastasse o fato em si, mas há níveis e níveis bem consideráveis. Pergunta: se uma pessoa é sã, possui todos os movimentos do corpo, por que alguém tem de ajudar outrem? E por que tem de entrar no mesmo provador? Pois bem, justificativas que caem por terra ante uma mulher, ante uma mãe.

E lá estavam os 4, dois dentro e dois fora. Depois de ter de escolher o que o filho vestiria e do bico do caçula, a embaraçosa situação ainda mal começara. Nos anos 80, era comum haver bermudas com sunga, sim, uma espécie de cueca acoplada. Quem usaria duas cuecas, tecnicamente? Ninguém. Quem embaraçaria outra pessoa? Silêncio. Assim que o caçula, de 9 anos, teve de tirar o calção na frente da mãe  - embaraço – ela não titubeou: “Você está sem cueca?!”.

A pergunta retumbou como numa caverna, só que nela havia muitas pessoas. Acostumados com o tom da voz, os irmãos se perderam em risos como todos que lá estavam. Uma mescla de dor, vergonha e ódio tomaram conta do menino. E quem disse que adiantou o pimpolho mostrar que não era necessário usar uma cueca. Nada. Mas sempre pode piorar. A calça veio, e ele queria sumir de lá. Assim que a vestiu, disse que estava ótima e pronto. Mas não. O rastreador estava por lá. “Espere! Veja isso!” - e agarrou no cavalo folgado da calça.

E abriu a cortina do provador e trouxe o garoto para fora. Não bastava colocá-lo no centro das atenções, ela precisava constatar que estava certa. Chamou os irmãos e perguntou se aquilo estava bom. Como se os outros dois tivessem coragem de apoiar o humilhado. E assim, estavam os dois, a uns vinte passos do espelho, no meio da loja. Uma mãe com a mão no cavalo da calça do menino, chacoalhando violentamente para frente e para trás, repetindo num sincronismo sádico: “O-lha is-so a-qui!”.

A justificativa de se gastar com algo que não seria útil poderia deixar a mulher um tanto quanto contrariada. E pior disso tudo, os primeiros movimentos pélvicos do rapaz foram provocados pela mãe.  E já que a história foi invocada, a versão que se tem como fato foi mostrada. A calça foi trocada, e a vergonha, consumada.

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