quinta-feira, 15 de outubro de 2015

OUTONO... (vá até o fim, clique na música e leia o texto com ela)

Não era a luz nem o local. Não era o clima nem o ambiente. Era tristeza mesmo. Aquela melancolia aguda que arde o peito e que nos faz tremer, desejando que nos tire de lá a qualquer momento.

Estava sozinho no casamento do melhor amigo. Tentou disfarçar a solidão, mas chega aquele momento em que cada um segue com seu par. Ele respirou fundo encarou o vazio do seu lado esticou a mão ao nada e saiu para o jardim com ninguém.

A música estava longe, muito longe, e aquele fim de tarde de outono era um convite a tudo, menos à tristeza. E ele conseguia sentir-se só. Tentou chorar para desafogar o peito, mas nem isso conseguiu, além de cabisbaixo achou-se inútil.

Deve ter ficado minutos olhando o champanhe borbulhar, percebeu-se contando cada estouro dela e quase sorriu quando enfiou o nariz no copo para tentar sentir cócegas.

Viu que aquilo não funcionou. Estava disposto a entrar, despedir-se do amigo e seguir a um lugar qualquer. Pôs o pé no salão de volta e a música tocou. Fechou os olhos e se viu em um local aconchegante e seguro.

Talvez tenha sido a música, talvez tenha sido o cheiro do bolo. Ou talvez tenha sido aquela moça. Não, não se parecia com a ideal nem chegava perto do que imaginava para si, porém fez o que deveria ter feito.

Aproximou-se, sorriu o mais sincero dos sorrisos, estendeu a mão. Ela retribuiu sorrindo e eles dançaram até a última nota.

Não perguntou o nome dela, entretanto soube que, às vezes, uma dança pode colocar ao menos a melancolia sentada, à espera também de um outro par.

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