Dentre
as várias pelas quais passei, uma me vem à mente por dois motivos, na forma de
evento mesmo e no desfecho surpreendente.
Sou
vocalista de uma banda de rock e leciono em cursinhos. Portanto minha voz é
essencial para que ambas as atividades sejam, no mínimo, honestas. No início de
2010, desenvolvi uma faringite medonha.
Minha
garganta só parava de doer quando eu engolia saliva. No mais, ardia como a
chama do cão.
Em
uma das três consultas que fiz para solucionar o problema, estava na sala de
espera. Havia poucas pessoas, uma senhora, que fedia à avó, uma mãe e sua filha
de 2 aninhos e um rapaz com aspecto de pastor.
Entre
uma Caras e a Veja, prefiro meu celular.
Daí
a pouco, IRON MAN, do Black Sabbath, invade o recinto. Entre o espanto da
música associado às figuras que lá estavam, em questão de milésimos de
segundos, jurei que a mãe sacaria do celular.
Mas
não.
Dona
Benta, depois de uns 10 segundos revirando a bolsa, tira o aparelho e, numa
intimidade espantosa em atendê-lo – cala a voz do Ozzy e me deixa boquiaberto.
Não
podia ser. Mas era. Aquele celular realmente era dela, porque se fosse do neto,
com certeza ela se embananaria ao fazê-lo.
Confesso
que fiquei observando a senhora enquanto falava. Não só pela falta de ação e
pela surpresa da cena, mas ainda tentando entender todo o processo de
associação e desfazer o meu julgamento.
-
Adriano Paciello.
Depois
da segunda vez, ouvi e entrei. Não foi dessa vez que o médico
acertaria meu problema nem me lembro do rosto dele. Lembro apenas que tentava
entender aquela cena de minutos atrás. Era como ver o Lemmy tricotando um pulôver.
Talvez
tenha sido enquanto eu saía, porque me celular também tocou. Era Carmina
Burana. Não quis atender ali.
Ao
passar pela senhora, ela sorriu para mim e disse:
- Nossa, rapaz, com tantas tatuagens, e cara de rock'n'roll, nunca pensei que você amasse Carl Orff.
Ou seja, a ação de julgar é involuntária, venha de quem vier.
E somos juízes o tempo todo, muitas vezes até sem perceber. Também tento me policiar quanto a isso, mas como vc mesmo disse...é involuntário! rs
ResponderExcluirPois é, Dri, o involuntário fala muito alto! - rs
ExcluirAh! Estou esperando pela história de Joana...hahahaha (e isso vc nao precisa publicar, claro)
ResponderExcluirPode deixar, Joana aparecerá por aqui! - rs
ExcluirMuito bom mano! O que faz a vida ter graça é que a passamos nos surpreendendo, e isso é maravilhoso. Abração
ResponderExcluirVini, e, se bobear, a senhora sabia tanto quanto você, a respeito de rock'n'roll! Abraço!
ExcluirSurreal nos dois casos! rsrsrs
ResponderExcluirFê, eu acrescentaria um NEFASTO!!! - rs
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