Quem
me conhece sabe que tenho um irmão gêmeo, o Luciano, pouco citado porque ele é
a extensão de meu pai, sereno, nada traquinas e odiosamente responsável.
Se
eu começasse a citar todas as benfazejas desse anjo neste mundo, só acabariam
com minha imagem de o gêmeo podre da história. Mas, como diz meu irmão mais velho, endossado por uma amiga minha: “Adriano,
você se basta” – decidi enaltecer esse cara, que dividiu por 9 meses a barriga
da minha mãe e ficou somente com as sobras.
Esse
moço, aos 9 anos, começou a confeccionar aquelas pulseirinhas com nomes. Ele as
vendia na escola. Tinha uma lista de clientes e, com o dinheiro acumulado,
comprou um tênis Rainha.
Excelente
zagueiro. As notas 10 no boletim foram uma constante, em todas as matérias, da
primeira série ao MBA.
Nunca
reclamou de nada. Era o primeiro a se oferecer a arrumar a mesa, buscar o pão,
guardar a roupa, desgalhar a salsa (odeio fazer isso). Sempre fazia massagens
no meu pai, nunca tomou uma surra da minha mãe.
Começou
a estagiar aos 17 e fez uma brilhante carreira com os números. E é a eles que
guardo um agradecimento eterno.
1988.
Primeiro ano do ensino médio, fiquei em recuperação em matemática. Precisava de
um sonoro 6 para passar. Quando digo sonoro, era mesmo, porque minhas 4 médias
bimestrais juntas não somavam 15 pontos.
Desesperado,
voltei daquela aula tendo de aprender o que nem o professor conseguiu. Em casa,
minha mãe pedia para que ele fosse minha salvação. Pacientemente, como somente
Luciano sabia ser, ele pegou toda a matéria do ano e olhou.
Fez
uma careta, coçou a cabeça, pegou o lápis e na minha mão e me ensinou o be-a-bá
daquele inferno. Na semana seguinte, fiz a prova. Voltei e ele me perguntou,
antes de meus pais, como eu tinha me saído. Devolvi aquela cara tão manjada de “eu
fiz”.
Dias
depois, soube que havia passado de ano com meu sonoro 6. Minha nota mais alta
de matemática desde a quinta série. Tenho certeza de que eu nunca o agradeci,
porque, se eu passei, foi pelas mãos desse gêmeo brilhante.
Ele
me olhou e sorriu. Recebi parabéns de meus pais, mas sempre soube que os
parabéns deveriam ser a ele.
Talvez
Luciano Paciello nunca leia esse texto, porque os números sempre foram mais
marcantes em sua vida que as letras. Gênio, irônico, destoante. Fã de Def Leppard, Tina Turner, Ronnie James Dio.
Entretanto
uma coisa eu sei muito mais do que ele: de todos os degraus que precisei para
não cair no abismo, até hoje, a maioria veio dele.
Mas
ele nunca me deixou agradecer por completo, sumia pelos ares antes disso.
Muito bonita homenagem.
ResponderExcluirParabéns .
E tudo em família, Bense! Valeu pelo apoio!
ExcluirNossa... Que lindo! Ainda lembro dos dois na escola como se fosse hoje. Bjs,
ResponderExcluirOi, Mi, como está, danada? Obrigado pelos elogios! Eu nunca me esqueço de nós dois na escola, principalmente da ajuda dele na matemática! - rs - Bjos!
ExcluirAcho que agora ficou claro porque Deus resolveu dividir em 2 tantas qualidades...
ResponderExcluirFê, tenha certeza de que o pouco que sobrou pra mim, tive que rebolar! - rs
ExcluirO maior agradecimento ao seu irmão, certamente é a bela amizade que existe entre vocês. Parabéns pelo texto (achei um dos mais lindos que escreveu) e pela família que tem! Bjo!
ResponderExcluirE você, Lu, é uma fofa por ser tão meiga! Obrigado pelas palavras, porque de família você entende muito bem! Bjos!
ExcluirDria,
ResponderExcluiressa é uma homenagem linda. A cumplicidade, amizade e amor entre todos da família é louvável e exemplar.
Abraços,
Del
Boas, Del, obrigado pelas palavras! Base familiar é tudo, e isso meus pais souberam dar também! E minha mãe deu mais, surra principalmente... - rs - Abraços, man!
ExcluirLinda homenagem, Dri! Seu irmão merece ler esse texto! E hoje, podemos dizer que são 2 gênios: um dos números, outro das letras! Adorei! Beijos
ResponderExcluirDri, o cara é uma realidade nos números! Eu ainda sou uma promessa, mas como vc é minnha amiga, vou aceitar seus elogios! Beijos!
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