Escolher
quem estará nesse nicho tão complexo é uma tarefa tão impossível que somente o
coração acaba decidindo.
E
como a coincidência é o destino que perdeu a agenda, muitas vezes a nomeamos
associando a um fato bem-sucedido, a uma surpresa bem-vinda. E já que somente
os vitoriosos contam a história, cabe aqui um relato de dois campeões.
França,
século XXI, brasileira, estudante de arte matriculada num curso de arte medieval. Se um nome cairia bem, que seja Claire. Pontual nos traços e
um desastre nos ponteiros, sobe correndo os degraus de mármore. Abre a porta da
sala e vê Theodore, brasileiro radicado em Paris já há 6 anos.
Eles
se olham. Ele gagueja, ela sorri tímida e cora. Ambos soltam um bom-dia tenso.
Ela senta e ele retoma. Ao fim do primeiro dia, ela retarda a saída esperando
um adeus mais dedicado. É o que acontece, corados se despedem, desejando que
ambos voltem no dia seguinte.
E
por quase um mês, três vezes por semana, limitaram-se a um bom-dia bem mais
direto, seguro. Ele conseguia gaguejar menos quando a olhava durante a aula,
ela conseguia os melhores traços do seu rosto enquanto falava.
O
fim daquele módulo pontuou somente a última frase. Ambos se esperaram. Todos saíram.
Ela se aproximou com um envelope grande com mais que duas palavras: “Tudo o que
aprendi com você!” – era um retrato lindo dele.
Ele
sorriu, abriu a gaveta da mesa, e tirou um CD da banda que estampou várias
camisetas dela durante o curso e disse: “Um pouco que aprendi de você”.
Trocaram
endereços e riram juntos quando perceberam que apenas 1km os separavam um do
outro. E deram murros ao quase azar de uma vida inteira, sem querer, de nunca
se encontrarem.
Naquela
noite, ele procurou por ela, que há dois minutos já estava pronta para recebê-lo,
mesmo sem terem combinado nada. Ela desceu, Theodore ofereceu uma rosa.
E
quando ela explicava como amava Piaf, ele agradeceu aos céus por Claire
não
ter se matriculado no curso da sala ao lado.
E
quando ele disse que Piaf deveria ser ouvida com champanhe, ela agradeceu por
ter aberto a porta do curso errado.
Dri, já te falei que adoro suas histórias?! rs
ResponderExcluirDri, e que seja uma constante na vida de todos!
ExcluirAhhhh, como é bom uma história com final feliz :)
ResponderExcluirE que sempre haja finais felizes a todos, Fê!
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